A uma semana do pleito, ninguém se atreve a cravar a vitória de Lula ou de Bolsonaro, embora as pesquisas indiquem o favoritismo do petista.

Se vencer dia 30, o ex-presidente terá uma nova oportunidade de fazer um governo sem corrupção. Caso Bolsonaro consiga se reeleger, poderá se redimir de uma política genocida na Saúde, por exemplo, e recuar de seus delírios antidemocráticos. Será? O fato é que tanto um como o outro têm chances reais.

Fábio Faria, ministro das Comunicações do presidente, diz que Lula chegou ao teto e que há empate técnico. Já Edinho Silva, chefe da comunicação petista, acha que Simone Tebet vai trazer os votos que Lula precisa (menos de 2 milhões) e o desafio é vencer as notícias falsas do bolsonarismo. No final, a torcida é para que a democracia vença.

Transição
Edinho, que foi ministro de Dilma, é prefeito de Araraquara e dirige a comunicação da campanha petista, explica que o novo governo Lula será como uma frente suprapartidária, de transição, para reconstruir a Nação. Lembra que as instituições brasileiras estão destruídas, a democracia em risco e o País com suas políticas públicas em ruínas.

Famintos
Enquanto isso, o mote do bolsonarismo para convencer o eleitor de que o capitão merece mais quatro anos de governo vem do fato de que a equipe econômica de Guedes diz estar convencida de que fez a maior gestão da economia da face da terra, melhor até do que a de Joe Biden. O ministro esquece-se, porém, que está deixando 33 milhões de famintos.

A saída é o aeroporto

Jefferson Rudy

Alguns senadores do PSD optaram por Lula e outros por Bolsonaro. Um deles, no entanto, escolheu uma viagem internacional para ficar no muro. Irajá Silvestre Filho (GO) embarcou rumo a Ruanda em 8 de outubro e só retornou na quinta-feira, 13, quase no final da campanha. Lá, participou de assembleia da União Interparlamentar, com tudo pago pelo Senado (as passagens custaram R$ 58,6 mil e as diárias, R$ 15,6 mil).

Retrato Falado

Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista de Água Branca (SP), disse à “Folha” que a eleição deixa o Brasil diante de marcos civilizatórios. “Não estamos escolhendo apenas o tipo de governo que desejamos, mas em qual sociedade queremos viver.” Para ele, os conservadores querem um País em que as hierarquias sejam mantidas, onde os brancos valem mais que os pretos, os homens mais que as mulheres, os ricos mais que os pobres e os heterossexuais mais que os homossexuais.

Disputa no Senado

A eleição do novo presidente da República ainda nem terminou, mas trava-se nos bastidores de Brasília uma ferrenha disputa pela presidência do Senado. Afinal, incorpora também a presidência do Congresso e está na linha de sucessão presidencial. O atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), quer se manter no posto, embora a tradição reserve o cargo para a maior bancada, no caso, a do PL, com 13 cadeiras (contra 11 do PSD). Se Lula for eleito, o mineiro tem chances, mas o petista tem conversado também com Davi Alcolumbre (União), ex-titular da Casa. O ex-governador Renan Filho (MDB), que apoia Lula, também quer a vaga. O pai já foi e está fora do baralho.

O fator Kassab

Gabriel Reis

Com Lula e Bolsonaro se digladiando no segundo turno, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, está convencido de que tomou a medida certa ao assumir uma posição de neutralidade na eleição presidencial. Com uma bancada de 11 senadores, tem sido respeitado tanto por petistas como por bolsonaristas. Será o fiel da balança entre os dois grupos.

Candidata da mentira

Os bolsonaristas, contudo, conseguiram fazer uma bancada com 49 senadores, a maioria absoluta no Salão Azul, e, certamente, irão pleitear a presidência. Damares queria ser, mas agora, pega na mentira, está descartada. Tereza Cristina (PP-MS) tem chances, mas Bolsonaro quer mesmo é Rogério Marinho (PL-RN).

Aposta em Tarcísio

Quanto a SP, sua paróquia, como costuma dizer, o ex-prefeito considera ter tomado a decisão adequada ao entrar de cabeça na campanha de Tarcísio de Freitas. Como um dos coordenadores da candidatura do ex-ministro, Kassab organizou as ações de apoio ao candidato do capitão e o fez chegar à frente de Haddad no segundo turno.“Ele não perde mais.”

A reinvenção do PSDB

Jane de Araújo

Um dos planos do PSDB para a sobrevivência é a fusão com outros partidos.
A incorporação do Cidadania é vista como “caminho natural”, já que as duas siglas formam uma federação, mas há ressalvas quanto à aproximação ao MDB e ao Podemos. “O MDB, por exemplo, é formado por alas antagônicas”, diz o senador Izalci Lucas, do DF. “O PSDB perdeu muito nessas eleições e precisa se reinventar.”

Toma lá da cá

Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo

Como prefeito da maior cidade administrada pelo PSDB, o senhor pretende liderar mudanças na sigla?
Como filiado histórico, meu compromisso é resgatar a força do partido no debate nacional. Ele necessita de mudanças estratégicas. Defendo sua reestruturação completa, incluindo novo nome.

O que deve ser feito para mudar o partido?
O PSDB tem que descer do muro e adotar posicionamentos mais firmes para as pautas nacionais. É preciso adotar um lado no espectro político ou vamos perder relevância.

Por que o senhor apoia Tarcísio contra Haddad?
O candidato do PT já demonstrou sua falta de capacidade quando foi prefeito. Saiu com uma das piores avaliações da história, mostrando que não está à altura de governar um Estado tão importante como SP.

Rápidas

Depois da derrota estrondosa no primeiro turno, Ciro Gomes sumiu. No dia 2 ainda fez uma declaração envergonhada de apoio a Lula, mas nem citou o nome do petista. Ao contrário de Simone, que até grava programas para o PT, o cearense desapareceu. Estaria em Paris?

Defensores de punições aos institutos de pesquisas, com cadeia para quem errar resultados de consultas eleitorais, pagaram R$ 13,5 milhões a empresas de sondagens. Só o bolsonarista Ricardo Barros gastou R$ 45 mil.

Lula foi a Maceió e desfilou em carro aberto com o governador afastado Paulo Dantas (MDB), a quem apoia, e o defendeu das denúncias de corrupção que o envolvem. Disse que foi tão vitima da Justiça quanto o alagoano. A ver.

Ilan Goldfajn, diretor para a América Latina do FMI, jogou um balde de água fria na cabeça de Bolsonaro. As descontroladas contas públicas provocarão uma redução no PIB brasileiro de 2,8% neste ano para 1% em 2023.