Dossiês que chegaram ao Tribunal de Contas da União e à Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados e trapalhadas da gestão nas últimas semanas, para tentar se blindar, derrubaram do cargo a diretora regional do SENAC do Distrito Federal, Karine Câmara, órgão sob o bojo da Confederação Nacional do Comércio e do Sistema S.
Ela foi demitida diante de casos de irregularidades de sua gestão. Foram viagem para Disney sob pretexto de trabalho, casos de assédio moral contra funcionários, tentativa de intimidações, ausência de prestação de contas, destruição de documentos dentro de salas da instituição, casos de nepotismo e até mudança do plano de saúde que saltou de R$ 300 mil para R$ 1 milhão.
O presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido, recebeu ordem do comando nacional para não esperar o pedido de afastamento que viria dos órgãos que investigam os casos, como TCU e um requerimento na Câmara dos Deputados, como foi noticiado pela Coluna Esplanada. A Câmara, aliás, já recebeu dossiê com casos de nepotismo na Comissão de Fiscalização e Controle.
Karine seria a responsável pela acomodação dos nomes no Senac. Uma lista com pelo menos seis funcionários que exercem diferentes funções com ligação familiar a conselheiros do SESC e SENAC chegou aos deputados. O nome que mais chama atenção seria do dentista que presta serviço na instituição, Rodrigo Fittipaldi, seu ex-marido.
A ex-diretora do SENAC-DF soube que seria afastada e decidiu mandar embora vários funcionários antes de cair em retaliação. Ao todo, quase 10 pessoas foram demitidas por ela. Segundo os funcionários, o objetivo foi uma represália na tentativa de buscar o que seriam “traidores” que estariam repassando informações para as autoridades investigarem os malfeitos de sua gestão no SENAC.
O pior é que ela obrigou todos os funcionários a assinarem um documento, ao qual a Coluna teve acesso, impedindo que eles fizessem qualquer denúncia contra ela por intimidação. Poucos assinaram o tal Termo de Confidencialidade. Será mais uma dor de cabeça para a direção da casa resolver.
Até ontem, o TCU já abrira ao menos cinco processos com base em irregularidades cometidas pela gestão de Karine no SENAC. Um dos assuntos tentou omitir foi recente viagem para os Estados Unidos. O objetivo seria conhecer um projeto de banco de comida (food bank), que nada se refere a aprendizado, foco do SENAC.
Durante os sete dias em que esteve em Orlando, na Flórida, ela viajou na executiva com direito a visita aos parques da Disney e ao Magic Kingdom com motorista e tradutor. Foram gastos R$ 70 mil. O folder ao qual a Coluna teve acesso indicava na programação o “jeito Disnney de encantar”.
Mas o que pesou contra ela também foi dizer entre portas na instituição que teria a chancela do presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros. Em nota emitida antes da queda de Karine, a CNC informou que a gestão de Tadros não tem vínculo funcional ou relação direta com Karine, e que a regional tem autonomia na gestão.
Respostas
Sobre a destruição de papeis dentro da instituição, o SENAC informou que “possui um procedimento padrão de descarte de materiais que não demandam arquivamento. A instituição descarta somente cópias ou papéis sem validade fiscal”.
A respeito do plano de saúde, a entidade ainda enviara uma nota, que em síntese explica o processo, mas não cita
custos.
“O SENAC-DF informa que a mudança de plano de saúde de seus colaboradores ocorreu por fim de contrato. Obedecendo a todas as normas legais e boas práticas de gestão, o Senac-DF realizou nova licitação e o pregão não teve proposta válida. Para não deixar os empregados sem plano e não descumprir convenção coletiva, a instituição contratou emergencialmente, dentro da lei, uma nova empresa.
É impossível afirmar, no momento, qual será o custo mensal dessa contratação, tendo em vista que a apuração dependerá dos atendimentos e do número de empregados que aderirem ou não ao plano. A instituição também não possui nenhum corretor exclusivo e já está com novo pregão para contratação de plano de saúde pronto para ser lançado no mês de julho”.
Neste mês de Dezembro a Coluna recebeu atualizações sobre o caso, com documentos enviados pela citada e conferidos.
A Comissão de Fiscalização e Controle na Câmara dos Deputados, onde havia requerimento para investigar este caso, arquivou a demanda sem apreciação e deu o assunto por encerrado.
Arquivamento pelo Ministério Público do Trabalho (MPT)
Após investigações, o MPT colheu depoimentos que indicaram assédio moral praticado por KAC, mas reconheceu que, após sua saída, o Senac implementou ações para combater o assédio e melhorar o ambiente de trabalho. Entre as medidas, destacam-se uma cartilha educativa e a criação de canais de denúncia. Por considerar que os problemas foram resolvidos e não apresentavam interesse coletivo suficiente, o MPT arquivou o caso.
Decisão na Justiça do Trabalho
Após investigações, o MPT reconheceu que após sua saída, o Senac implementou ações para combater o assédio e melhorar o ambiente de trabalho. Por considerar que os problemas foram resolvidos e não apresentavam interesse coletivo suficiente, o MPT arquivou o caso.