15/02/2017 - 10:27
Os delegados da Operação Lava Jato, em Curitiba e em Brasília, defenderam nesta terça-feira, 13, a permanência do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, no cargo. Foi uma reação à decisão da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), que na segunda-feira, 13, protocolou no Palácio do Planalto um ofício pedindo ao presidente Michel Temer a troca do comando da corporação.
A reportagem apurou que delegados da PF da Lava Jato e que integram também as operações Acrônimo e Zelotes vão redigir uma carta pública manifestando apoio ao diretor-geral. Eles vão declarar que confiam no trabalho de Daiello e que “sua saída pode representar riscos às operações”.
“A coordenação da Lava Jato obviamente não apoia a saída do diretor-geral Leandro Daiello. Como apoiar um ato que vai contra o que vimos nos últimos três anos? O diretor-geral sempre se mostrou isento quanto às investigações, bem como fez as liberações de recursos que solicitamos”, afirmou o delegado Maurício Moscardi. “Até mesmo quanto ao efetivo da operação, muito citada, estamos sendo integralmente atendidos.”
Hoje são quase 60 policiais – entre delegados, agentes e peritos que integram a Lava Jato, em Curitiba. “Quase 60 policiais em uma operação era uma realidade desconhecida para nós.”
O documento será assinado por aproximadamente 30 delegados que integram a linha de frentes dessas três operações de combate à corrupção. Para os delegados da Lava jato, o movimento da ADPF de propor a troca de Daiello é político.
Lista
A entidade da categoria quer que o governo aprove a adoção de uma lista tríplice para indicação do diretor-geral da PF – como é feito no Ministério Público Federal para escolha do procurador-geral da República. A lista é encabeçada pela delegada Erika Mialik Marena, especialista em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, que atuava na Lava Jato. Em nota pública, a associação afirmou que a gestão de Daiello tem esvaziado as grandes operações.
Os delegados Igor Romário de Paula e Maurício Moscardi, porém, rebatem esse argumento. Segundo eles, todo orçamento pedido para o comando da corporação foi atendido integralmente em 2017 e a transferência de delegados da equipe, como a de Márcio Anselmo – que vai assumir a Corregedoria da PF no Espírito Santo -, foi feita a pedido. O próprio Anselmo negou em documento enviado aos superiores que seu pedido de remoção tenha relação com pressões políticas ou insatisfação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.