O presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus aliados são suspeitos de usarem as dependências do Palácio do Planalto para que sejam promovidos os ataques do chamado “gabinete do ódio”. Esta foi a constatação que chegou a delegada da Polícia Federal, Denisse Ribeiro, responsável pelos inquéritos das fake news e das milícias digitais, em seu relatório entregue junto ao seu comunicado de afastamento do cargo, na noite desta quinta-feira, 10, ao ministro Alexandre Moraes, do relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).

No relatório parcial, vê-se constatada a existência do que a delegada chama de milícia digital, cujo objetivo é atacar as instituições e ferir a democracia. O texto diz ainda que o grupo tem um modo de agir bem delineado e coerente, identificando-se a atuação de uma estrutura que opera por meio de um autodenominado “gabinete do ódio”, formado por aliados do presidente Jair Bolsonaro.

A delegada sintetizou o modo de agir do grupo em quatro processos: a) a eleição, que é a indicação ou a deliberação sobre qual pessoa será alvo das ações; b) a preparação, que é a elaboração do conteúdo e separação de tarefas entre os envolvidos; c) o ataque em si; e d) a reverberação, que nada mais é que a multiplicação cruzada das postagens por novas retransmissões.

A delegada, que está se afastando do cargo por motivos de licença-maternidade, encerra o comunicado afirmando que há necessidade de avançar na apuração, sugerindo o acautelamento do inquérito policial até designação da autoridade policial substituta ou para que sejam determinadas outras providências.