O Ministério Público do Rio abriu nesta terça-feira, 10, uma operação batizada Calígula, contra suposta quadrilha liderada pelo contraventor Rogério de Andrade, junto de seu filho Gustavo, e que conta com a participação de ‘dezenas’ de criminosos, entre eles Ronnie Lessa, acusado pelo assassinato a tiros da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

Pelo menos onze pessoas já foram presas. Além disso, durante as diligências, os promotores acharam R$ 1,8 milhão em dinheiro vivo na casa da delegada de Polícia Adriana Belém. Após a apreensão, ela foi presa preventivamente.

A Promotoria denunciou 30 pessoas por uma estrutura criminosa voltada à exploração de jogos de azar não só no Rio de Janeiro. São imputados aos envolvidos supostos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo o MP, a quadrilha ‘há décadas exerce o domínio de diversas localidades, fundamentando-se em dois pilares: a habitual e permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos, sendo esta organização criminosa suspeita da prática de inúmeros homicídios’.

A promotoria sustenta que a organização corrompe de maneira estável -com pagamentos regulares – policiais civis e militares. Eram os integrantes da Polícia Civil e da Polícia Militar ligados à quadrilha que, de acordo com os promotores, coordenavam a distribuição do suborno. O objetivo dos pagamentos eram favorecer o grupo de Rogério. Oficiais da PM “serviam de elo entre a organização e Batalhões de Polícia, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo”, afirma comunicado do MP.

“Em um destes episódios,”, prossegue o texto, “o delegado de Polícia Marcos Cipriano intermediou encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Cardoso Belém, então delegada de Polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), e o inspetor de Polícia Jorge Luiz Camillo Alves, braço direito de Adriana Belém, culminando em acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas da organização criminosa, tendo o pagamento da propina sido providenciado por Rogério de Andrade.”

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Segundo a Promotoria, Belém havia sido denunciada por corrupção em razão da liberação das máquinas de caça-níqueis. A Vara Especializada do Tribunal de Justiça do Rio decretou a prisão preventiva da delegada após a apreensão de R$ 1,8 milhão em sua casa. Para os promotores de Justiça, o valor é um ‘forte indício de lavagem de dinheiro’. A delegada será levada para a Corregedoria da Polícia Civil.

Ainda de acordo com o MP, a suposta parceria criminosa entre Rogério e Lessa para crimes é antiga. Remontaria pelo menos a 2009. Naquele ano, o então policial militar da ativa era segurança do contraventor. Perdeu uma perna em atentado à bomba que explodiu seu carro.

Posteriormente, em 2018, os dois se reaproximaram. Rogério, dizem os promotores, se aliou a Lessa e a pessoas ligadas a ele. Abriram juntos uma casa de apostas no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca.

O Estadão não conseguiu contato com a defesa dos citados pelo MP para ouvi-los sobre as acusações.


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