11/09/2023 - 9:34
Uma delegação israelense participou nesta segunda-feira (11) em Riad de uma reunião da Unesco, na primeira visita pública oficial deste tipo à Arábia Saudita, o momento em que se especula sobre uma possível normalização das relações entre os dois países.
A Arábia Saudita, muito influente no Oriente Médio e nação que abriga vários locais sagrados muçulmanos, não reconhece Israel e não aderiu aos Acordos de Abraão de 2020, negociados pelo governo dos Estados Unidos, que permitiram ao Estado israelense normalizar as relações com dois vizinhos sauditas, Emirados Árabes Unidos e Bahrein.
“Estamos felizes de estar aqui. É um bom primeiro passo”, afirmou à AFP uma fonte israelense que pediu anonimato.
“Agradecemos à Unesco e às autoridades sauditas”, acrescentou.
Um correspondente da AFP observou os integrantes da delegação israelense na sala de reunião. Na mesa havia uma placa de identificação com a palavra “Israel”.
O Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco está reunido desde domingo em Riad.
Uma fonte diplomática da Unesco afirmou que a diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, teve um papel determinante para garantir a participação israelense.
“Este é o resultado de vários anos de trabalho de Audrey Azoulay para criar, dentro da Unesco, as condições de um diálogo entre todos os Estados da região”, afirmou a fonte, que pediu anonimato.
A Arábia Saudita declarou diversas vezes que mantém a posição de várias décadas da Liga Árabe, que consiste em não estabelecer vínculos oficiais com Israel enquanto o conflito com os palestinos não for solucionado.
Nos últimos meses, Riad e Washington realizaram negociações sobre as condições que a Arábia Saudita impõe para avançar na via da normalização, como as garantias de segurança e uma ajuda para um programa nuclear civil com capacidade de enriquecer urânio.
A Arábia Saudita precisa saber se os israelenses estão “trabalhando ativamente para obter avanços concretos na resolução do conflito israelense-palestino”, declarou em agosto Hesham Alghannam, analista saudita da Universidade Árabe Naif de Ciências de Segurança, em Riad.
Apesar da ausência de relações, a Arábia Saudita anunciou, em julho de 2022, a abertura de seu espaço aéreo a todas as companhias, incluindo israelenses. Na ocasião, o reino negou que a medida representasse um processo de normalização.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, agradeceu em agosto às autoridades sauditas por sua “atitude calorosa” com os passageiros israelenses no pouso forçado em Jidá, oeste do reino, de um avião que viajava entre Seicheles e Tel Aviv.
No mesmo mês, uma reunião no Egito entre o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sissi, o rei da Jordânia, Abdallah II, e o presidente palestino, Mahmud Abbas, abordou “os esforços americanos para alcançar a normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel, assim como as exigências da Autoridade Palestina no âmbito da assinatura de um acordo”, informou uma fonte palestina.
Egito e Jordânia, primeiros países árabes que assinaram um tratado de paz com Israel, em 1979 e 1994 respectivamente, são grandes aliados regionais da Arábia Saudita.
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