Poucos meses após encerrar de forma oficial sua carreira, Juan Martín Del Potro está voltando ao mundo do tênis. O argentino ainda não decidiu quais projetos vai abraçar neste momento, mas está acompanhando de perto os principais resultados, com foco nos sul-americanos. E, como era de esperar, está de olho em João Fonseca. Para o ex-número 3 do mundo, o brasileiro é “espetacular” e vai virar símbolo do tênis sul-americano.
“Ele me parece espetacular. Atualmente, ele faz um grande jogo, com muito potencial. É incrível a velocidade de sua evolução. Em pouco tempo, ele vai superando barreiras e crescendo em seu jogo, fisicamente e também no ranking”, comentou o argentino, campeão do US Open de 2009, que está presente no Rio Open.
Ao mesmo tempo, Del Potro pediu cuidado com a carreira do atleta de apenas 18 anos. “Creio que ele precisa de boas pessoas ao seu redor para dar o devido suporte emocional. Acontece muito tanto na Argentina quanto aqui no Brasil que um dia você é o melhor do mundo, e em outro, você é o pior. Te amam ou te odeiam. E é muito importante aprender a conviver com isso.”
O argentino, um dos melhores de sua geração, se refere à dura derrota de Fonseca logo em sua estreia no Rio Open, na noite de terça-feira. Após causar furor no Jockey Club Brasileiro tanto na segunda quanto na terça, o tenista da casa foi superado pelo francês Alexandre Müller, atual 60º do mundo. Ao fim da partida, Fonseca admitiu que o nervosismo e o medo atrapalharam a sua performance em quadra.
O resultado surpreendeu porque o brasileiro vinha no embalo do seu primeiro título de nível ATP, conquistado em Buenos Aires, no domingo. “Acredito que, para ele, jogar o Rio Open era muito especial. Ele vinha do título. Seguramente estava cansado, emocional e fisicamente. Teve toda a pressão e isso vai queimando energia. Ele só tem 18 anos”, ponderou. “Até o melhor do mundo, se sofrer muita pressão, não consegue nada. Precisamos ter paciência para que ele possa seguir crescendo.”
Para Del Potro, Fonseca tem tudo para ser a grande estrela do tênis sul-americano nos próximos anos. “Ele pode ser o próximo latino-americano a ganhar um Grand Slam. Com Fonseca e os argentinos, o tênis sul-americano pode voltar a ter peso mundial. Ele vai carregar a bandeira da América do Sul e a ATP vai olhar melhor para o nosso tênis. Não há lugar no mundo em que os fãs vibram tanto como acontece no Brasil, na Argentina e no Chile. Somos loucos por tênis.”
Del Potro se despediu oficialmente do circuito em dezembro, aos 36 anos, numa exibição com o sérvio Novak Djokovic em Buenos Aires. O argentino, contudo, já estava afastado do circuito nos últimos anos após seguidas lesões que acabaram inviabilizando sua carreira. No fim do ano passado, ele revelou que ainda toma remédios para dores no joelho.