PÉRIPLO Marun visitou os gabinetes dos deputados da
base para negociar liberação de R$ 600 milhões (Crédito:André Dusek)

Na semana passada, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marum, fez uma longa peregrinação pelos gabinetes dos parlamentares da base do governo. Foi a um por um dos deputados que ainda têm emendas do Orçamento travadas. Anotou cada pleito e discutiu as possibilidades de atendimento. Acenou a todos com a perspectiva de liberação ainda este ano. Tinha na mão para negociar as emendas de um total de R$ 600 milhões. Sobra de caixa de ministérios que não gastaram toda a verba que possuem. Dinheiro para ser aplicado onde os deputados bem entenderem. Alguns enxergaram no périplo de Marun uma espécie de déja vu. Isso aconteceu também quando a Câmara debruçou-se para avaliar a primeira denúncia contra o presidente Michel Temer.

Cuidados

O governo considera improvável uma terceira denúncia, a partir das investigações do envolvimento do presidente com o caso dos Portos. Muito próximo das eleições, tal situação tumultuaria o processo. E isso agora não interessa aos deputados. Mas
a investigação avança. Está nas mãos da procuradora-geral Raquel Dodge. E cuidados precisam ser tomados.

Houve riscos

Na Câmara, comenta-se que houve risco na segunda denúncia. Os deputados aumentaram a pressão. O Planalto tinha menos possibilidade de ceder. E o placar que beneficiou Temer ficou mais apertado. Comenta-se que nas duas primeiras denúncias foram liberados cerca de R$ 1 bilhão para atender aos interesses dos deputados e acalmá-los.

Candidato milionário

Evaristo Sa

Sem obter o entusiasmo nem de parte do MDB, nem do eleitorado, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ainda nem sabe se seu partido oficializará a sua candidatura. Mesmo assim, ele é hoje quem tem a melhor estrutura de campanha. Tem marqueteiro definido — Chico Mendez — e já dispõe de diversos profissionais de comunicação contratados. Na última pesquisa CNI/Ibope, Meirelles tinha apenas 1%.

Rápidas

* Impressa na Gráfica do Senado, dentro da sua cota de senador, chamou a atenção a qualidade da revista que Jorge Viana (PT-AC) divulgou para prestar contas das ações praticadas em seu mandato.

* Em papel cuchê de alta gramatura, a revista é ilustrada com fotos da floresta amazônica de Sebastião Salgado. A revista foi lançada na terça-feira 2, com direito a evento na Biblioteca do Senado, com a presença de diretores da Casa e parlamentares.

* Desde que saiu do PDT, o senador José Antônio Reguffe (DF) resolveu ficar sem partido. E vai prosseguir assim, sem nenhuma pressa em se filiar a outra legenda. Reguffe ainda tem quatro anos de mandato.

* Agora, Reguffe justifica que o fato de não estar filiado a nenhuma legenda lhe dá independência para apoiar a solução que achar melhor para o Distrito Federal, sem a pressão das orientações partidárias.

Retrato falado

“Meu compromisso é trazer essa bola de volta ao campo” (Crédito: Ana Paula Paiva/Valor)

Se Ciro Gomes pretende costurar apoios mais ao centro e junto ao campo empresarial, tal pretensão complicou-se após evento com os candidatos organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com a frase acima, ele afirmou que pretende rever a reforma trabalhista. E acabou vaiado pelos empresários. E insistiu, rebatendo: “Pois é, vai ser assim mesmo. Se querem um presidente fraco, escolham um desses com conversa fiada”. Para os empresários, foi bola fora.

Favorito na CNC

Uma importante mudança na correlação de forças está para ocorrer na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), uma das mais importantes entidades sindicais do país. Inscrita na última semana, a chapa Unidos pela CNC, encabeçada por José Roberto Tadros, presidente da Fecomercio Amazonas e costurada com 23 das 27 federações estaduais, conseguiu reunir um grupo de peso para suceder Antonio Oliveira Santos na megaentidade. A meta é ambiciosa: com dirigentes que têm uma visão da economia real, querem se tornar grandes interlocutores com governos e outras entidades para apontar saídas para a crise.

Chapinha

Contra Tadros, há um grupo tentando fazer da CNC uma extensão de seus interesses políticos. Apelidada de “chapinha”, ela tem à frente o senador Adelmir Santana (DEM-DF) e o deputado Laércio Oliveira (SD-SE). Como já perderam de goleada, os dois estão tentando melar o pleito, marcado para setembro.

Entrave

No PSB, uma das dificuldades para que o partido feche apoio a Ciro Gomes (PDT), vem de Pernambuco. O governador Paulo Câmara tenta se aliar ao PT, pensando em se beneficiar da popularidade que Lula tem no Estado, mesmo preso. Para tanto, tenta convencer o PT a retirar a candidatura de Marília Arraes, neta do ex-governador Miguel Arraes.

Marlon Costa/Futura Press

Possível teto

O problema é que mesmo no PSB há dúvidas sobre o potencial de Câmara. Há quem avalie que ele já bateu no teto. Algo semelhante ao que houve em 2006 com o hoje deputado Mendonça Filho (DEM). Favorito, ele bateu no teto e quem acabou vencendo a eleição foi Eduardo Campos. Há quem veja pequeno resultado na retirada de Marília do páreo.

Rica adormecida

Reprodução Facebook

Sessão prestigiada na terça-feira 3, com quórum quase que total. Discussões acaloradas marcavam o plenário da Câmara naquela noite. Mas nada que perturbasse o cochilo de Magda Mofatto (PR-GO), a deputada mais rica do País. Ela dormiu um sono profundo até outro deputado esbarrar na sua cadeira.

Toma lá dá cá

Romerio Cunha

Um projeto de sua autoria gerou polêmica esta semana. Ele de fato proíbe a venda de produtos orgânicos em supermercados?

Não há nada disso. O projeto visa, ao contrário, garantir ao consumidor que aquele produto que ele está comprando é de fato orgânico.

Como é, então, o projeto?

Recebi muitas reclamações de produtores de orgânicos e de consumidores dizendo que se vendem produtos com agrotóxicos como se fossem orgânicos. O que se propõe é a criação de um modelo de fiscalização e de um selo que garanta a qualidade do produto.

Que poderá continuar sendo vendido em qualquer lugar?

Claro. Não há nada nesse sentido no projeto. Ainda está em debate. Se não houver clareza, o texto naturalmente pode ser modificado.