A pandemia do novo coronavírus se transformou na principal razão para mudança no calendário mundial. A necessidade de se manter o distanciamento social, condição básica para se diminuir a disseminação do vírus, obrigou que os eventos convencionais tivessem suas datas mudadas. As aulas escolares, os encontros religiosos e de negócios, as feiras e exposições, as realizações esportivas e culturais, na área turística, nos passeios em parques e em museus, e até as campanhas políticas, visando às eleições municipais deste ano, foram reagendadas. O sagrado dialogo olho no olho com o eleitor teve que mudar de data: o pleito originalmente marcado para 4 de outubro foi adiado em um mês, Até mesmo o réveillon na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, pode ser cancelado por causa da pandemia.
As autoridades impuseram, já no inicio da quarentena, em março, mudanças que evitassem eventos com grandes aglomerações. As escolas, em geral, onde a proliferação da Covid -19 seria incontrolável se as aulas tivessem sido mantidas, estão fechadas há três meses. Em São Paulo, a previsão de retorno será gradual iniciando em setembro. Também na capital paulistana, o prefeito Bruno Covas e os vereadores anteciparam alguns feriados, com a finalidade de deixar as pessoas em casa e reduzir a circulação, o que, consequentemente, deixou as datas comemorativas descaracterizadas, mas com mais segurança para a saúde das pessoas.

“Estamos em uma situação diferente devido à pandemia, que requer criatividade. Temos que respeitar os protocolos sanitários e não deixar a roda da economia parar” Rodolpho Ruiz, professor da ESPM (Crédito:Divulgação)

Um dos principais eventos de entretenimento, a Virada Cultural, que se desenvolve por toda a cidade de São Paulo, conta com a participação de cinco milhões de pessoas, gerando uma receita de R$ 235 milhões e, talvez, seja realizada no final de setembro. Segundo Gabriela Fontana, coordenadora de programação da prefeitura paulistana, o desafio para a gestão da pasta da Cultura municipal é encontrar outras formas de chegar até as pessoas. “Vamos proporcionar conteúdo artístico sem gerar aglomeração”, diz. A intenção de respeitar os protocolos de saúde criados para que as pessoas não fiquem expostas, “os artistas podem performar em palcos móveis e o pessoal acompanhar das janelas, por exemplo”, contou. Os estudos para a realização dos eventos de rua também se baseiam nas manifestações internacionais, como o festival de música, em Paris. “Nós acompanhamos o que está sendo feito na Europa, com menos gente”, diz Fontana. No caso da Parada do Orgulho LGBT, uma das maiores manifestações populares de rua do mundo, que inicialmente se realizaria em 14 de junho, acabou migrando para internet na forma de múltiplas lives e seu formato presencial deve ser realizado em novembro.

Na esfera esportiva, o futebol é o carro chefe, correspondendo a 0,72% do PIB nacional, algo em torno de R$ 52 bilhões ao ano. Apesar de algumas iniciativas de retorno às atividades na Europa, especialmente na Alemanha, no Brasil não há previsão de voltarmos a ouvir os cânticos das torcidas, seja em estádios ou em ginásios. Para Rodolpho Luiz, professor na Escola de Propaganda e Marketing, o que os clubes e empresas devem buscar é o diálogo nesse momento de crise. “Devemos negociar melhor os patrocínios, aumentar a exposição das marcas na internet, por exemplo, pois as marcas continuam fortes”, diz.

Impacto nos eventos

Além disso, as feiras e exposições tiveram suas agendas remarcadas, a exemplo da Comic Con, evento de tecnologia, que movimenta R$ 265 milhões e que acontece em São Paulo. Ela foi remarcada de abril para a primeira semana de dezembro. No cenário internacional, a cúpula do BRICS havia sido planejada de 21 a 23 de julho, em São Petersburgo, na Rússia, mas o evento foi adiado e ainda não há uma data definida. As reuniões dos líderes de cada país que compõe o grupo são importantes para definir estratégias geopolíticas em vários setores de cooperação internacional. O que todos esperam é que a Covid-19 arrefeça e os eventos possam acontecer.