O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, afirmou que o déficit nas transações correntes de US$ 7,874 bi em outubro, maior que o esperado pela autoridade monetária, aconteceu por causa de um resultado pior na balança comercial.

“A balança comercial tem tido superávits decrescentes em função do comportamento das exportações”, avaliou Rocha.

A instituição projetava para o mês passado déficit de US$ 5,8 bilhões na conta corrente. Esse foi o pior resultado para outubro desde 2014, quando o saldo negativo foi de US$ 9,305 bilhões.

Segundo Rocha, o déficit em transações correntes deve atingir US$ 5,8 bilhões. No acumulado do ano até outubro, o rombo nas contas externas já soma US$ 45,657 bilhões.

A estimativa do BC, do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, é de déficit em conta corrente de US$ 36,3 bilhões em 2019.

“O próximo RTI deve atualizar projeções para a conta corrente em 2019”, completou Rocha.

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Acumulado do ano

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que o aumento no déficit de transações correntes de janeiro a outubro de 2019 corresponde ao mesmo volume de redução das exportações nos dez primeiros meses do ano.

O rombo nas contas externas somou US$ 45,657 bilhões de janeiro a outubro, ante US$ 32,372 bilhões no mesmo período de 2018.

Na mesma comparação, as exportações somaram US$ 185,887 bilhões de janeiro a outubro, ante US$ 199,214 bilhões em igual período do ano passado. “Por outro lado, há estabilidade no déficit das contas de serviços e rendas em 2019”, completou.

Lucros e dividendos

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que o resultado líquido de lucros e dividendos ao exterior está ligeiramente estável em 2019, mas apontou que as receitas e despesas nessa conta cresceram. “As receitas de lucros e dividendos são as maiores da série, enquanto as despesas são as maiores desde 2011”, detalhou.

A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 2,645 bilhões em outubro. A saída líquida representa um volume superior aos US$ 2,583 bilhões que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.

No acumulado do ano até outubro, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 25,803 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2019 some US$ 26,5 bilhões.

Segundo Rocha, em novembro, até o dia 21, a remessa líquida de lucros e dividendos é de US$ 1,552 bilhão.

Juros externos

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que o saldo negativo na conta de juros externos de outubro foi o maior da série histórica para o mês, iniciada em 1995. As despesas com juros externos somaram US$ 2,219 bilhões em outubro, ante US$ 1,574 bilhão em igual mês do ano passado.


Segundo ele, isso decorre da redução de receitas de juros – com a queda das taxas internacionais – e do aumento das despesas, com a concentração de pagamentos no mês. “As taxas de juros estão caindo, mas boa parte dessa dívida foi feita com taxas fixas”, completou.

Em novembro, até o dia 21, a despesa líquida de juros é de US$ 465 milhões.

Viagens internacionais

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central avaliou que a redução do déficit na conta de viagens internacionais de outubro está em linha com o aumento do câmbio.

No mês passado, a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil foi de um saldo negativo de US$ 1,063 bilhão. Em igual mês de 2018, o déficit nessa conta foi de US$ 1,148 bilhão. “A despesa líquida com viagens internacionais foi a menor para outubro desde 2016. No acumulado do ano até outubro, o déficit também é o menor desde aquele ano”, completou.

Em novembro, até o dia 21, déficit na conta de viagens internacionais está em US$ 603 milhões, sendo R$ 301 milhões em receitas e US$ 904 milhões em despesas.


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