23/11/2024 - 10:00
Com Jair Bolsonaro (PL) inelegível até 2030, quatro governadores do campo da direita se posicionam como candidatos a herdar seu espólio para enfrentar o presidente Lula (PT) ou outro político de seu grupo nas eleições presidenciais de 2026.
— Ratinho Júnior (PSD), do Paraná;
— Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais;
— Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás;
— Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.
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O fato
Embora confie na possibilidade de reabilitação para disputar o próximo pleito, o ex-presidente sofreu um novo baque na quinta-feira, 21, ao ser indiciado pela Polícia Federal por evidências que o associam à autoria de uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A trama incluía planos para executar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Bolsonaro disse que não sabia de nada, mas o avanço do processo pode incriminá-lo e até ampliar seu período de inelegibilidade.
As reações
Seus possíveis “herdeiros” reagiram de formas diferentes ao fato. Tarcísio defendeu Bolsonaro e jogou dúvidas sobre a investigação policial. “Há uma narrativa disseminada contra o presidente Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos”, escreveu.
Ao contrário do que ele disse, o ex-presidente viajou para os Estados Unidos no final de 2022 e evitou passar a faixa presidencial para Lula, em fato inédito desde a redemocratização. Tarcísio, contudo, tem feito diversos gestos públicos de apoio ao padrinho político. Único dos governadores que já foi mencionado por Bolsonaro como futuro presidenciável — depois voltou atrás —, o ex-ministro se preocupa em preservar o apoio do antigo chefe.
Ratinho, Zema e Caiado, por outro lado, preferiram o silêncio. Os governadores de Paraná e Minas mantêm uma relação pública harmônica com o ex-presidente, mas evitam se alinhar de forma contumaz a ele.
Já Caiado se tornou um “inimigo público” de Bolsonaro nas eleições municipais. Eles apoiaram candidatos diferentes nas principais cidades de Goiás, e o governador conquistou vitórias sobre o antigo aliado. Autointitulado presidenciável para 2026, Caiado não condiciona a candidatura ao líder da direita radical.
Na campanha, Bolsonaro chegou a chamá-lo de “covarde”, enquanto o político do União Brasil afirmou que a política do ex-presidente “cansou”. Em entrevista ao jornal O Globo, o governador disse que vai aguardar a conclusão do processo para se manifestar.