02/09/2019 - 14:16
O Corinthians sofreu apenas nove gols em 17 rodadas do Campeonato Brasileiro. É a melhor defesa do torneio. O fato não é propriamente novo, parece “notícia velha”, pois o setor defensivo se tornou a marca registrada do clube nos últimos anos. A novidade da temporada é que esse desempenho ajudou o time de Fábio Carille a superar São Paulo e Palmeiras na tabela. A equipe alvinegra é a terceira colocada, empatada com o clube do Morumbi em pontos, mas à frente nos critérios de desempate (o Palmeiras tem um jogo e um ponto a menos que os corintianos).
Para o ex-jogador Paulo Sérgio, que atuou no Corinthians e com longa passagem no futebol europeu, o principal diferencial é a consistência e a estabilidade do time. A última derrota do clube na temporada foi diante do Santos, na Vila Belmiro, por 1 a 0, antes da parada da Copa América. O time está invicto desde o retorno há 13 partidas.
“A regularidade da equipe após a Copa América chama a atenção. O Carille tem um modelo de jogo definido e os jogadores se adaptaram. Não é só a defesa. O Pedrinho tem sido um jogador mais regular, suporta o jogo inteiro. Além disso, o ataque vem funcionando, isso é muito importante”, opina o campeão brasileiro com o Corinthians em 1990.
Nesse mesmo recorte, considerando-se os jogos posteriores à Copa América, o Palmeiras ainda não venceu em sete partidas; o São Paulo soma cinco vitórias seguidas, dois empates e uma derrota. Resumidamente, a gangorra dos três grandes está diretamente ligada ao desempenho após o torneio continental: o Corinthians está invicto, o Palmeiras não venceu e o São Paulo arrancou, mas tropeçou nas duas últimas rodadas.
Os três clubes estão praticamente empatados no que se refere à média de público. O Corinthians tem a segunda melhor média, com mais de 36 mil pessoas por jogo. Os dois rivais estão colados: São Paulo (35.822) e Palmeiras (32.767); o Flamengo – esse sim conseguiu disparar – lidera as estatísticas, com 49 mil pessoas por partida.
O desempenho do Corinthians também ganha destaque quando são comparados os investimentos dos rivais na temporada. De acordo com o site Transfermarket, principal referência em transferências de atletas, o elenco do Palmeiras vale hoje 118 milhões de euros (cerca de R$ 537,9 milhões). É o mais valioso do País, à frente do Flamengo, líder do Campeonato Brasileiro, que é avaliado em 114 milhões (algo em torno de R$ 519 milhões). O valor do elenco do São Paulo é de 92 milhões (aproximadamente R$ 419 milhões), enquanto o corintiano é de 84 milhões (por volta de R$ 382 milhões).
O Palmeiras tem se estabilizado como um dos grandes contratadores do futebol brasileiro desde 2015. Naquele ano o clube passou a contar no caixa com o empréstimo do então presidente, Paulo Nobre, e mais a verba da Crefisa, responsável por injetar apenas nesta temporada mais de R$ 100 milhões, incluindo patrocínio, luvas e contribuições nos salários de jogadores. Fora a verba de patrocínio da Crefisa – mais de R$ 80 milhões -, o clube arrecadou em 2018 cerca de R$ 170 milhões, impulsionado por vendas como Keno, Róger Guedes e Tchê Tchê, que agora reforça o São Paulo.
Depois de anos com o Palmeiras como líder no mercado de transferências, em 2019 é a vez de o São Paulo superar o rival e gastar mais para montar o elenco. Com reforços, o clube do Morumbi investiu R$ 79,4 milhões em contratações, ante R$ 78 milhões do rival. Corinthians e Santos gastaram menos da metade desses valores. No São Paulo, a contratação de Daniel Alves não entra na conta, pois o lateral chegou com custo zero. O problema é pagar os salários.
Com remuneração próxima a 4,5 milhões de euros por temporada (cerca de R$ 19 milhões), o lateral também passa a ser o mais bem remunerado do futebol brasileiro. O São Paulo precisa vender pelo menos R$ 75 milhões em jogadores nos próximos meses para poder bancar os salários de Daniel Alves, Juanfran, Alexandre Pato, Hernanes, entre outros.
O Corinthians adotou uma estratégia específica desde o fim do ano passado: buscar jogadores em fim de contrato, que pudessem ser emprestados ou comprados por valor baixo. Em 2019, o clube do Parque São Jorge contratou 12 atletas, mas pagou a quantia de R$ 33,8 milhões.