A defesa do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para não mandá-lo para o Complexo da Papuda, em Brasília. O advogado alegou risco de ameaças e assédio, pedindo para que o ex-chefe da PRF fique preso em Santa Catarina ou na Papudinha, onde fica o Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal.
Silvinei foi preso na madrugada de sexta-feira, 26, em Assunção, capital do Paraguai. Ele ficou detido na carceragem da Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR) durante essa madrugada e foi encaminhado a Brasília na manhã deste sábado. Ele deve chegar à capital federal por volta das 12h30, quando deverá passar por audiência de custódia.
“Durante o período aproximado de um ano em que o requerente permaneceu preso preventivamente na Penitenciária da Papuda, foram registradas intercorrências consistentes em assédio e ameaças no ambiente prisional, ainda que administradas pela autoridade penitenciária”, disse a defesa.
Migraciones efectuó la expulsión del país de Silvinei Vasques
Hace instantes, la DNM efectuó la expulsión del país de Silvinei Vasques (50), procediendo posteriormente a su entrega a las autoridades de la PF de Brasil en el paso fronterizo del Puente de la Amistad. pic.twitter.com/l7OMbEzwb0
— Migraciones Paraguay (@MigracionesPY) December 27, 2025
O advogado Anderson Rodrigues de Almeida, responsável pela defesa de Silvinei, reforçou os laços familiares e sociais do ex-chefe da PRF com Santa Catarina, além da facilidade de deslocamento. “A manutenção da custódia em local compatível com os vínculos do custodiado também atende ao interesse da própria administração da Justiça, ao evitar deslocamentos interestaduais reiterados, operações de escolta de maior complexidade e riscos desnecessários associados à logística de transporte de pessoa amplamente exposta”, reforçou.
A defesa ressaltou que, caso Moraes entenda indispensável a manutenção de Silvinei Vasques em Brasília, o melhor lugar para a detenção é o Batalhão da PM do DF, conhecido como Papudinha. O local fica no Complexo da Papuda e abriga outros detentos, como Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e também condenado na trama golpista.
“Ex-agentes de segurança pública e militares, quando custodiados em estabelecimentos prisionais comuns, estão sujeitos a riscos objetivos acrescidos”, reforça.

Silvinei Vasques, de cabeça coberta, momentos antes de ser entregue às autoridades brasileiras
Prisão de Silvinei Vasques
Silvinei Vasques foi preso após tentar embarcar em um voo para El Salvador. Ele foi abordado pelas autoridades paraguaias quando tentava deixar o Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, portando um passaporte falso. Para burlar as autoridades, o ex-chefe da PRF apresentou um documento de um cidadão paraguaio, com o nome de Julio Eduardo Fernandez. O ex-diretor da PRF ainda entregou uma carta apontando ter doença grave e dizendo não falar e nem ouvir.
De acordo com a PF, Silvinei começou a preparar a fuga na noite do dia 24 de dezembro. Ele alugou um carro hatch e voltou para casa para dar andamento ao plano. Às 19h06, começou a colocar mochilas no porta-malas do carro. Na sequência, colocou tapetes higiênicos e ração no banco de trás do veículo. Em seguida, embarcou seu cachorro e seguiu rumo ao Paraguai.
Vasques rompeu a tornozeleira eletrônica em Santa Catarina, onde mora, e seguiu para o Paraguai de carro. O rompimento do equipamento fez soar os alarmes na central de monitoramento e a PF logo acionou as bases fronteiriças para evitar a fuga dele. A Polícia Federal informou que o apartamento de Silvinei estava trancado e não era possível saber se a tornozeleira estava ou não no imóvel.
Ele foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão por participação na trama golpista. A condenação foi chancelada na última semana pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, ele aguardava a análise dos recursos em liberdade. O ex-comandante da PRF chegou a ser preso em 2023, mas foi solto mediante o cumprimento de medidas cautelares.
Silvinei é acusado de organizar uma operação de blitz na PRF para áreas desfavoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O intuito era impedir que eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguissem votar no segundo turno das eleições de 2022. Ele já tinha sido condenado por improbidade administrativa pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) pelo mesmo motivo.
Vasques pediu a aposentadoria na corporação em 2022 e atuava como secretário na cidade de São José (SC). Ele pediu exoneração do cargo no dia 17 de dezembro, um dia após ser condenado pelo STF.