Defesa de Bolsonaro alega surpresa e nega descumprimento de cautelares

Ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal por coação no curso do processo que investiga o plano golpista

Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: REUTERS/Adriano Machado

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) alegou surpresa com o indiciamento do ex-presidentea no inquérito que investiga a tentativa de coação no processo sobre a tentativa de golpe de Estado. Em nota emitida nesta quinta-feira, 21, os advogados afirmam que as provas coletadas pela Polícia Federal serão esclarecidas e negaram qualquer descumprimento de medidas cautelares.

A PF indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Os investigadores apontaram que ambos planejaram estratégias para afrontar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e a articularam para que os Estados Unidos aplicasse sanções contra o Brasil e ministros da Corte em troca do avanço do PL da Anistia.

“A defesa do Presidente Bolsonaro recebeu com surpresa, na data de ontem, a decisão de seu formal indiciamento pela Polícia Federal. Os elementos apontados na decisão serão devidamente esclarecidos dentro do prazo assinado pelo Ministro relator, observando-se, desde logo, que jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar previamente imposta”, diz a nota.

Para a PF, Bolsonaro atuou junto a Eduardo e do jornalista Paulo Figueiredo para pressionar o STF no processo que apura a tentativa de golpe. Além deles, o pastor Silas Malafaia também é colocado como o articulador da pressão. Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão na noite de quarta-feira, 20.

O relatório também aponta que o ex-presidente deu aval e suporte para as ações de seus aliados, como a divulgação de vídeos e mensagens em inglês para chegar às autoridades americanas. Entre os documentos citados, está uma mensagem com pedido de anistia “total e irrestrita”.

Os investigadores também citaram os repasses feitos por Bolsonaro a Eduardo no começo do ano. Entre janeiro e maio, o ex-chefe do Planalto teria enviado R$ 111 mil em repasses fracionados. No dia 13 de maio, Jair Bolsonaro depositou R$ 2 milhões na conta do deputado federal. O depósito foi confirmado por ele em depoimento à PF.

A PF também reforçou o desrespeito de Jair Bolsonaro às medidas cautelares impostas por Moraes contra ele e aliados. O ex-presidente, por exemplo, está em prisão domiciliar após seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), publicar uma declaração dele nas redes sociais. Bolsonaro estava proibido de usar as próprias redes e de terceiros.

Os investigadores ainda citaram o contato entre Bolsonaro e o general Walter Souza Braga Netto, preso em dezembro de 2024, após Moraes proibir o contato entre eles. Por SMS, Braga Netto passou um novo contato “apenas para emergências” para o ex-presidente.

“Estou com este numero pré pago para qualquer emergência. Não tem zap [sic]. Somente face time. Abs Braga Netto’’, diz a mensagem.