A colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, entrevistou a advogada criminalista Mayra Cotta, que representa seis supostas vítimas de assédio sexual, além de seis testemunhas, além de outras vítimas de assédio moral, no caso envolvendo o humorista Marcius Melhem.

“Havia um chefe que se vale de sua posição para tentar usar o poder que tinha de contratar ou demitir para as constranger a se envolver com ele”, disse a advogada.

“Houve um comportamento recorrente, de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas. De insistir e ficar mandando mensagem inclusive de teor sexual para mulheres que ele decidia se iam ser escaladas ou não para trabalhar, se ia ter cena ou não para elas [nos programas de humor]. De prejudicar as carreiras de mulheres que o rejeitaram. De ficar obcecado, perseguindo mesmo. Foi um constrangimento sistemático e insistente, muito recorrente”, completou.

“Por saber como a situação era grave, como o Marcius Melhem foi um chefe que atuou de forma muito violenta com várias atrizes. Que assediou moralmente também outros funcionários”, afirmou a advogada.

“São mais de 30 pessoas que apoiam ou que foram testemunhas dos casos de assédio. Do grupo fazem parte homens também, que acreditam nelas, que estão sendo muito firmes nessa luta”, concluiu.

Ator nega as acusações

Procurada pela reportagem de Mônica Bergamo, Marcius Melhem comentou sobre os supostos casos de assédio. “Estou disposto a reconhecer meus erros, pedir desculpas e, se possível, reparar pessoas que eu tenha de qualquer forma magoado. Quero enfrentar isso com verdade e humanidade e me expor se for preciso. Fazer jus a todos esses anos em que pautas como as do feminismo foram abraçadas pelo humor transformador em que eu acredito. Fiz parte de um grupo de homens e mulheres que se orgulha de usar o humor como um instrumento contra o preconceito. Mas mesmo abraçando profissionalmente a causa feminista, ainda combato o machismo dentro de mim, erro, posso ter relações que magoem. Tento melhorar e aprender. E queria muito falar sobre isso.”

“Qualquer pessoa que me conheça, que tenha convivido minimamente comigo sabe que é impossível eu praticar alguma violência, especialmente contra as mulheres. Jamais seria capaz de emparedar alguém à força”, afirmou o ator.