A delegada licenciada Adriana Belém foi presa no dia 10 de maio durante a Operação Calígula, deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) contra o “jogo do bicho”. Em sua casa, os agentes encontraram quase R$ 1,8 milhões em espécie. No dia 11, os advogados de defesa solicitaram a revogação da prisão preventiva ou a conversão em domiciliar, com a justificativa de que ela estaria sendo ameaçada no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica (RJ). As informações são do O Globo.

A defesa de Adriana ressaltou que, mesmo alocada em uma cela individual, ela divide galeria com detentas de facções criminosas que já combateu. O que pode colocar a sua integridade física e psicológica em risco.

“Veja que a gravidade dos fatos já ultrapassaram a mera conjectura, tendo em vista que a requerente tem sofrido com falas em tons ameaçadores das demais presas, incluindo expressões como ‘Você é alemã’, em clara referência a ‘rival’, fato registrado em livro próprio daquela unidade”, escreveram os advogados Sandra Almeida, Luciana Pires, Alan Deodoro e Beatriz Streva.

No documento enviado ao juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Especializada do Tribunal de Justiça, ao qual O Globo teve acesso, a defesa apontou que é urgente “a necessidade de apreciação do requerimento de revogação da prisão preventiva ou a substituição da prisão cárcere pela prisão domiciliar reiterando os argumentos dispensados na petição”.

Na solicitação, ainda não apreciada pelo magistrado, os advogados mencionam um ofício em que a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que Adriana está “em cela individual, que dispõe, estruturalmente, de cama, colchão, vaso sanitário e chuveiro”. Porém não esclareceu “quantas presas compõem o efetivo da galeria” ou “quais medidas de segurança foram adotadas para garantir a integridade da delegada na unidade prisional, composta por presas das mais variadas facções criminosas e imputações penais”.

Os advogados também citaram o artigo 295 do Código de Processo Penal, no qual prevê que delegados de polícia devem ser recolhidos em local distinto da prisão, como por exemplo, quartéis ou prisão especial.

Eles ainda incluíram um decreto estadual que impõe a Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, como local de custódia cautelar para servidores homens de órgãos de segurança pública.

“Deve a requerente ser alocada, portanto, em sala de estado-maior, não se podendo considerar cumprida a exigência legal de disponibilização de prisão especial, quando presa em cela idêntica às demais acauteladas naquela mesma unidade, diferenciada apenas pela quantidade de pessoas que as ocupam.”

“(Adriana) é ré primária, delegada de polícia referência na carreira, além de possuir domicílio fixado no distrito da culpa e não ensejar nenhum risco à instrução criminal”, situações que sabiamente não podem por si só amparar sua liberdade, mas que devem servir de amparo para a presunção de inocência devida à todo cidadão”, completou a solicitação.

Relembre o caso

Agentes do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil apreenderam no dia 10 de maio dinheiro em espécie na casa da delegada Adriana Belém, em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro. Conforme os agentes, R$ 1,2 milhão estavam em sacos de grifes famosas e pouco mais de R$ 500 mil em uma mala.

Agentes do Ministério Público do Rio de Janeiro afirmaram que a delegada Adriana Belém mentiu ao afirmar que tinha apenas R$ 60 mil em dinheiro guardado em casa.

“Encontramos na suíte da doutora Adriana cerca de R$ 60 mil dentro do cofre dela. Ela mencionou que era o único dinheiro que ela tinha em casa. Até ponderou com a gente que o dinheiro era para pagar as contas da família, que ela não ia conseguir honrar o pagamento das contas se aquele dinheiro fosse apreendido. (…) E ela afirmou, categoricamente, que era o único dinheiro que tinha na casa”, contou a promotora Roberta Laplace.

No entanto, os agentes continuaram vasculhando o imóvel e encontraram no quarto do filho da delegada duas malas com centenas de milhares de reais. “Depois, encontramos uma mala menor, com mais ou menos R$ 600 mil”, explicou Roberta.
Conforme a promotora, os agentes passaram horas contando o dinheiro apreendido.

Dinheiro com Instagram

Os advogados de Adriana Belém mencionou a publicidade no Instagram como uma das justificativas para o R$ 1,8 milhão em espécie encontrado em sua casa.