A Defesa Civil descartou a possibilidade de desabamento, na tarde desta terça-feira, 7, do prédio residencial na Vila Mariana, zona sul da capital, que foi evacuado e interditado nesta segunda-feira, 6, depois que o muro de arrimo caiu. O risco de queda foi descartado após análise de uma equipe de engenheiros. O local será monitorado pelas próximas 24 horas.

O prédio Norma está localizado na Rua Dr. Nicolau de Sousa Queiróz. Segundo o Corpo de Bombeiros, oito viaturas com 24 homens trabalham no local. Equipes da Defesa Civil, da Sabesp, da Eletropaulo e da Comgás também foram acionados. Também há risco iminente de rompimento da rede elétrica.

Moradores afirmam que uma das vigas que segurava o muro de arrimo rachou por volta das 10 horas de segunda. Na sequência, o muro caiu, assim como a passarela do prédio. Os bombeiros foram acionados e iniciaram a retirada das pessoas, que receberam a recomendação de levar mantimentos para três dias. Ainda segundo moradores, até as 20 horas ainda havia gente retirando objetos do local. A construção tem dez andares, sendo três abaixo do térreo, com quatro apartamentos por andar, além de um térreo e garagem.

A empresária Isabela Salazar, de 38 anos, diz que sua cozinheira ouviu o barulho da rachadura e sentiu um tremor. O apartamento fica no terceiro andar da parte subterrânea. “Foi um caos, a pior sensação da vida, uma loucura”, afirmou Isabela.

A pedagoga Ana Paula Abate, de 43 anos, veio conferir se o prédio Norma corre risco de desabar. Ela nasceu no edifício, onde sua mãe, Elisabeth, de 77 anos, reside há quase 50 anos. Na segunda, Ana Paula conseguiu tirar o carro da mãe, saindo pela garagem do edifício Ernani (as duas garagens são interligadas). Segundo ela, a mãe tinha um “apego” pelo prédio. Ana Paula conta que a mãe descreveu o momento da rachadura como um “tranco”, como se “uma bate-estaca tivesse batido forte no chão”. “É uma perda muito grande de repente.”

Moradora do edifício Ernani há cinco anos, a enfermeira Veruska Montenegro, de 50 anos, soube da evacuação do prédio por volta das 11 horas, quando voltava do trabalho. “A única coisa que eu quero que está lá é o gato, porque o resto a gente conquista”, diz.

Ela se refere à gata Minerva, adotada ainda filhote, há cinco anos. Ela passou o número do apartamento para, quando os bombeiros finalizarem a varredura, retirarem o animal, que descreve como sua “maior preocupação”.

“A gente se preocupa, se não deixarem entrar, não tem nem comida suficiente”, diz. “Sou muito apaixonada por ela.” Veruska conta que, quando chegou em casa, à noite, achava que o prédio vizinho já estaria liberado.

Na manhã desta terça-feira, 7, o edifício Ernani, que fica ao lado do Norma, também foi esvaziado. A Defesa Civil está avaliando os danos à estrutura. Segundo moradores, os dois edifícios têm cerca de 50 anos.

O prefeito regional da Vila Mariana, Benedito Mascarenhas, esteve no local. Segundo ele, a Prefeitura está monitorando a situação.