A Defesa Civil da Faixa de Gaza afirmou neste domingo (20) que 73 palestinos morreram e dezenas ficaram feridos por “disparos israelenses” perto de centros de distribuição de ajuda humanitária no norte e no sudoeste do território palestino devastado pela guerra.
O porta-voz desta organização de primeiros socorros, Mahmoud Bassal, declarou à AFP que 67 pessoas morreram como resultado de “disparos da ocupação [Israel] direcionados a pessoas que esperavam ajuda na região de Zikim, a noroeste da Cidade de Gaza”.
No sul, essa organização registrou outras seis pessoas mortas neste domingo pelas forças israelenses perto de um centro de distribuição de ajuda a noroeste de Rafah, onde dezenas de pessoas tinham morrido no dia anterior.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) declarou que uma de suas caravanas de 25 caminhões com ajuda alimentar entrou neste domingo pela manhã no norte da Faixa de Gaza e “viu imensas multidões de civis famintos que recebiam disparos”.
Procurado pela AFP, o Exército israelense mencionou “disparos de alerta para evitar uma ameaça imediata que pesava sobre ele”, diante da aglomeração de “milhares” de pessoas. O Exército negou o balanço feito pela Defesa Civil.
“Havia milhares de pessoas reunidas, todas em busca de farinha”, conta Qassem Abu Khater, que foi ao ponto de distribuição.
“Os tanques dispararam a esmo contra nós, e os franco-atiradores da ocupação [Israel] abriram fogo como se estivessem caçando animais selvagens na floresta”, descreveu.
Este homem de 36 anos é natural de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, e teve que abandonar seu lar junto com sua família por causa dos combates. Agora vive a oeste da Cidade de Gaza.
E garante que testemunhou a morte de “dezenas de pessoas”.
“Perguntamos a nós mesmos: devo voltar com um ferido para salvá-lo, ou com um saco de farinha para salvar minha família e meus filhos? Meu Deus, a que fomos reduzidos”, lamentou.
Os cerca de dois milhões de palestinos assediados por Israel em Gaza estão à beira da inanição depois de mais de 21 meses de conflito, desencadeado por um ataque do movimento islamista palestino Hamas em solo israelense em 7 de outubro de 2023.
Devido às restrições impostas aos meios de comunicação por Israel, que faz um cerco a Gaza, e às dificuldades de acesso ao terreno, a AFP não está em condições de verificar de forma independente as informações das diferentes partes.
A Defesa Civil de Gaza disse que constatou um aumento no número de mortes de bebês causadas por “fome e desnutrição severa”, e reportou pelo menos três mortes de crianças na semana passada.
“Nossas crianças morrem e gritam para poder comer. Adormecem famintas”, afirma Ziad Mousleh, um pai de família de 45 anos.
O papa Leão XIV condenou neste domingo a “barbárie” da guerra em Gaza e pediu o fim do “uso indiscriminado da força” ao final da oração do Angelus.
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