Decreto de Trump contra muçulmanos gera caos no mundo

ROMA, 30 JAN (ANSA) – Protestos, boicotes, mal-estar diplomático e críticas de líderes mundiais estão entre as reações provocadas pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de barrar a entrada de imigrantes muçulmanos de sete países e de refugiados. O decreto foi assinado na noite de sexta-feira (27) e, ao longo de todo o fim de semana, protestos ganharam as ruas de cidades dos Estados Unidos, como Nova York, Washington, Houston e Atlanta, e de capitais internacionais.   

Advogados independentes deram assistência gratuita a imigrantes muçulmanos em aeroportos norte-americanos nos últimos dias.   

Empresas como Google, Starbucks e a Uber criticaram a medida e anunciaram a abertura de vagas de empregos para refugiados, além de fundos de assistência financeira. As grandes potências europeias também se uniram contra a política imigratória de Trump. França, Itália e Alemanha, nações que recebem milhares de imigrantes e vivem uma crise de refugiados, e até o Reino Unido, cuja premier Theresa May se reuniu com Trump semana passada, demonstraram desacordo com o decreto norte-americano. “A necessária luta contra o terrorismo não justifica essa medida”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel. “Está nos valores da Itália manter uma identidade pluralisma, uma sociedade aberta e nenhuma discriminação”, argumentou, por sua vez, o premier italiano, Paolo Gentiloni.   

As Bolsas de Valores da Europa abriram a semana com queda devido aos efeitos da medida imigratória e com os temores de que o presidente norte-americano adote mais políticas protecionistas.   

Em Milão, a Bolsa registrou queda de -1,5%.   

Mais de um milhão de britânicos também já assinaram uma petição para proibir que Trump realize uma visita oficial a Londres, em retaliação às suas políticas. Diante das críticas, Trump tentou se explicar, amenizando que a medida não é uma retaliação a muçulmanos. “Há mais de 40 países no mundo de maioria islâmica que não foram afetados pela decisão”, comentou, argumentando que se trata de uma proteção de fronteiras. A aprovação de Trump também tem caído dentro dos EUA, de acordo com uma pesquisa do instituto Gallup, que anunciou que 51% dos eleitores desaprovam a gestão do novo presidente. Outros 42% demonstraram apoio com o trabalho feito em 10 dias. Fontes locais também disseram que dezenas de diplomatas e funcionários do Departamento de Estado norte-americano estariam preparando um memorando de desacordo com a política imigratória de Trump. Juízes federais, por sua vez, estão se opondo à medida de Trump e impedindo que as autoridades deportem viajantes. Magistrados de Massachusetts, Virginia e Washington emitiram sentenças que proíbem a deportação de refugiados cujos pedidos de entrada nos EUA já tinham sido previamente aprovados. Em resposta, a Casa Branca retirou a página relacionada ao Poder Judiciário. Agora, a seção tem apenas uma mensagem: “Obrigado pelo seu interesse neste assunto”. Horas horas a posse de Trump, no dia 20 de janeiro, foram tiradas do ar as páginas que falavam sobre mudança climática, direitos civis e proteção aos homossexuais. O decreto assinado por Trump proíbe a entrada nos EUA pelos próximos 90 dias de cidadãos de sete países de maioria islâmica: Iraque, Iêmen, Irã, Síria, Líbia, Somália e Sudão. Além disso, estão proibidos de ingressar por 120 dias em território norte-americano qualquer refugiado. (ANSA)