A CBF deverá manter o monitoramento de temperatura nos jogos das 11 horas, mesmo em Estados do Sul do país, conforme decisão da juíza do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte (TRT-RN), Isaura Maria Barbalho Simonetti. O recurso movido pela entidade questionava a omissão do custo do monitoramento nestes Estados. A magistrada reconheceu que os valores foram omitidos, mas negou que isso anulasse a necessidade de realizar o acompanhamento.

“O que se constata é que o simples fato de um estado ter temperatura média mais amena que outros não impede que a temperatura seja rigorosa em determinado período do ano, ou mesmo que ocorra um ‘veranico’ durante o período de inverno (fato comum nos estados do Sul)”, escreveu a juíza na sentença.

Em junho, a segunda turma do TRT-RN manteve determinação de que os jogos deveriam ter uma parada para hidratação aos 30 minutos do primeiro e do segundo tempo quando a temperatura WBGT (índice que leva em conta umidade relativa do ar, velocidade do vento, entre outras medidas, além da temperatura propriamente dita) chegasse a 25 graus, e que a partida deveria ser paralisada temporariamente ou suspensa quando atingisse 28. A ação começou com uma denúncia do sindicatos dos atletas do Estado, que foi levada ao Ministério Público que, por sua vez, iniciou o questionamento na Justiça.

Segundo a CBF, no entanto, o monitoramento já é realizado em todo o Brasil desde 2015, quando partidas no horário das 11 horas começaram a ser disputadas. Assim, a decisão da Justiça não deve mudar o procedimento da entidade. A CBF contesta, entretanto, as temperaturas determinadas para que ocorram paradas para hidratação e a paralisação das partidas, que estariam abaixo do consenso internacional e do que já era praticado pela sua comissão médica.

“O consenso internacional é de que a partida deve ser parada para hidratação em 32 WBGT, como demonstram diversos estudos de universidades europeias e americanas. Foi o índice que a Fifa utilizou durante a Copa do Mundo. Nós já vínhamos praticando algo abaixo, parando para a hidratação aos 28 graus e determinando que a partida seria suspensa se atingisse 32, o que nunca aconteceu, mas ainda assim resolveram ‘abaixar o sarrafo’, sem base científica”, criticou o chefe do departamento médico da CBF, Jorge Pagura.

“Não tivemos problemas graves devido ao calor, como insolações, até hoje. Partidas que não ofereceriam riscos para os atletas do futebol podem acabar sendo paralisadas por nada”, afirmou o médico.

A CBF diz que irá cumprir a determinação mas que pretende recorrer, buscando trazer os valores para os que já praticava anteriormente.