A gigante francesa de artigos esportivos Decathlon continuou vendendo roupas para a Rússia, apesar de ter anunciado a suspensão de suas atividades comerciais no país devido à guerra na Ucrânia, revelou uma reportagem do veículo Disclose nesta terça-feira (19).

A multinacional, que faturou 15,4 bilhões de euros (cerca de 82,1 bilhões de reais) no ano passado, anunciou sua retirada do mercado russo logo após a invasão da ex-república soviética em fevereiro de 2022.

Em outubro de 2023, a empresa francesa vendeu suas 60 lojas para a russa Desport, um gesto que deveria oficializar sua saída do país. “No entanto, não foi assim”, aponta a investigação do veículo francês.

Nas últimas semanas, a Decathlon teria continuado fornecendo “muito discretamente” à Desport produtos de suas marcas Quechua, Wedze e Kalenji.

Com base em documentos internos, vídeos de fontes abertas e declarações de ex-funcionários, o Disclose afirma que a Decathlon implementou “um extenso sistema para ocultar suas exportações como parte de um acordo de fornecimento com a Desport”.

O acordo, segundo o Disclose, era de pelo menos 12 milhões de dólares (58,3 milhões de reais) e incluía passar por uma empresa fantasma em Dubai e uma filial sediada em Singapura.

A operação, destaca o meio, levou a Decathlon “ao limite da legalidade”.

As sanções impostas pela União Europeia após a invasão russa da Ucrânia proibiram o envio à Rússia de armas, artigos de luxo ou equipamentos que pudessem reforçar sua capacidade industrial. Material esportivo não está na lista.

Consultada pela AFP, a Decathlon afirmou que “não opera nenhuma loja na Federação da Rússia, não emprega ninguém e não possui participações em empresas ativas no país”.

No entanto, pouco depois, reconheceu que havia fornecido roupas e disse que uma de suas prioridades ao sair da Rússia era garantir a continuidade dos empregos de seu pessoal.

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