O suposto assassino do ativista de direita Charlie Kirk tinha uma “ideologia esquerdista” e vivia com uma companheira trans, declarou neste domingo, 14, o governador do estado americano de Utah, confirmando detalhes que poderiam acirrar o debate político em um país ultrapolarizado.
Tyler Robinson, de 22 anos, foi preso na noite de quinta-feira em Utah, suspeito de ter matado Kirk baleado no dia anterior durante um evento público em um campus universitário. Quem vivia com Robinson “era sua parceira romântica, um homem em processo de transição para se tornar mulher”, afirmou neste domingo o governador Spencer Cox ao canal CNN.
Ele acrescentou que essa pessoa “não tinha ideia do que estava acontecendo” e tem sido “incrivelmente cooperativa” com os investigadores, ao contrário do suposto atirador, que se recusa a dar detalhes. Cox enfatizou que os investigadores até agora não encontraram evidências da influência da companheira de Robinson no assassinato.
“Isso é o que estamos tentando determinar agora mesmo. É fácil tirar conclusões precipitadas, (…) mas quero ser cauteloso”, declarou. Robinson será formalmente acusado na terça-feira.
O governador, que recebeu elogios na semana passada por pedir aos americanos que reduzam as tensões políticas, deu várias entrevistas na televisão neste domingo, e em uma delas mencionou que os investigadores acreditam que Robinson adotou ideias de esquerda.
“É evidente que havia uma ideologia esquerdista neste assassino”, afirmou Cox. “Pessoas próximas a ele, membros de sua família e amigos” deram tal informação aos investigadores.
Desde o assassinato, que foi gravado ao vivo, várias figuras e meios conservadores, seguindo os passos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, denunciaram a influência da “esquerda radical”.
No sábado, veículos de comunicação relataram sobre o relacionamento de Robinson com sua parceira transgênero, desencadeando a ira dos ativistas de extrema direita, para quem a identidade de gênero é um tema crucial.
A ativista conservadora Laura Loomer pediu a “designação do movimento trans como um movimento terrorista”, e o bilionário Elon Musk postou em suas redes sociais apoios à proibição de tratamentos de transição e críticas à ideologia de esquerda.
‘Delírio trans’
Kirk, que foi baleado no pescoço durante um evento na Universidade de Utah Valley, era o fundador do grupo jovem conservador Turning Point USA e era um crítico contundente dos direitos LGBTQ+, em particular os das pessoas trans.
Em uma mensagem no X em agosto, ele referiu-se “ao culto da morte do delírio trans”, pouco depois que duas crianças foram mortas e outras nove ficaram feridas durante um ataque a tiros em uma igreja de Minneapolis por um agressor que, segundo as autoridades, se identificava como transgênero. As provocações de Kirk, que se apresentava como cristão, acirraram o debate.
Em um vídeo publicado em 2023 pelo Right Wing Watch, vê-se Kirk descrevendo as pessoas trans diante de uma audiência eclesiástica como o ato de “levantar o dedo do meio para Deus”.
Um ex-membro do gabinete do ex-presidente democrata Joe Biden, Pete Buttigieg, destacou que não há “um padrão consistente de esquerda contra direita entre os atiradores” em ataques recentes, mencionando o assassinato da legisladora democrata de Minnesota Melissa Hortman e seu marido em junho.
“Precisamos rejeitar qualquer um que possa tentar explorar a violência política”, disse Buttigieg à NBC.
O Turning Point USA anunciou que no dia 21 de setembro será realizado um tributo a Kirk em um estádio perto de Phoenix, Arizona, onde se espera que Trump compareça.