Tenho 55 anos de idade, e há décadas perdi qualquer resquício de esperança em ver o País que meu pai, e antes dele, meu avô, prometiam para mim. Pelo menos desde 2002, quando Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, venceu sua primeira eleição presidencial, às custas de mentiras, promessas mirabolantes e populismo rasteiro, passei a combater 99.99% dos políticos e governantes eleitos, pois praticamente todos farinha do mesmo saco, ou melhor, laranjas podres no mesmo cesto.

Entra eleição, sai eleição, seja municipal, estadual ou federal, me enojo com candidatos (amadores de primeira viagem e profissionais do ramo) que não valem, raríssimas as exceções, um sopro de ar que respiram. Gente safada, mesquinha, mentirosa, aproveitadora, sem escrúpulos e piedade, interessada em dinheiro roubado e poder. Vinte anos depois, um País estagnado, miserável, esfacelado pelas mesmas pessoas – exceto as que já morreram – anuncia, como cantou Cazuza, ‘o futuro repetir o passado’.

O debate – debate? – na Band foi (mais) um grotesco show de horrores, onde a disputa era pelo título de maior ladrão, de pior governante e candidato, de mais despreparado e mentiroso, de mais cínico e dissimulado. Uma dupla de ladrões e esquizofrênicos (Lula e Bolsonaro); uma dupla de senadoras coadjuvantes (sendo Simone Tebet a exceção ao mau gosto); uma dupla de viajandões (Ciro e Felipe, este último relativamente razoável) falando em sequestro de carbono e lei da ganância. É sério esse bilete?!?

Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, é claro, conseguiu superar o insuperável e protagonizou mais um episódio de escrotidão humana, típica do canalha que sempre foi. Agrediu de forma gratuita, inaceitável a jornalista Vera Magalhães. Por quê? Porque esta lhe perguntou sobre as vacinas. Como disse a tal Soraya sei lá do que, ‘um tigrão com as mulheres e uma tchutchuca com os homens’. Principalmente com os do centrão! Em seu mínimo e mísero socorro, a coragem de chamar Lula do que é.

O Brasil, como eu já disse que acredito, não tem solução nem salvação. Estamos fadados – pelo menos por mais quatro longínquos e miseráveis anos – a ser governados ou por um ou por outro verme desqualificado, que são o líder do mensalão e petrolão e o patriarca do clã das rachadinhas. E quem, por paixão ou burrice plena, ousar discordar, não passa de um equivalente. Votar em Lula ou em Bolsonaro por ojeriza recíproca, eu entendo. Fiz esta escolha em 2018. Mas por crença ou convicção, na boa, é atestado de mediocridade.

Repito o que venho dizendo há meses: se o segundo turno se der entre o ex-tudo (ex-presidente, ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto, ex-lavador de dinheiro) e o psicopata golpista de merda que corrói o que sobrou de civilidade no País, eu nem saio de casa para anular meu voto. E se você que me lê assistiu ao mesmo debate que eu, tem um pingo de senso crítico, discernimento, amor próprio e vergonha na cara, fará o mesmo. Do contrário, você não é nem um pouco melhor do que aquele em que irá votar.