O ex-senador Gim Argello, preso há quatro meses pela Operação Lava Jato, acusado de receber R$ 5,3 milhões para blindar convocações na CPI da Petrobras, tem um defensor ferrenho do lado de fora da cadeia: seu filho Afonso Argello Júnior. Em entrevista exclusiva à coluna, o rapaz revoltou-se: “Ninguém está nem aí para o que a família e os netos dele têm passado. Os caras (empreiteiros) não foram depor porque apresentaram os documentos requeridos. No final da CPI, foi considerado satisfatório. O Gim tem endereço fixo, mora em Brasília. Se encontrá-lo de sunga na rua, você não reconhece? Essa prisão dele é uma tortura branca. Hoje um juiz de primeira instância é um dos mais importantes do mundo. Nosso Supremo (STF) é acovardado”.

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Das Couves
O filho defende o pai também da suspeita de usar doação de R$ 650 mil para esquentar propina de empreiteiras. O dinheiro foi para o padre da Igreja São Pedro, Moacir Anastácio de Carvalho, poder fazer a Festa de Pentecostes. “Se você tivesse que pedir dinheiro, pediria para quem? Pro Zé das Couves ou para quem tem dinheiro?”

Milagre
A relação do padre Moacir com Gim passa pela cura de sua esposa, Márcia Cristina. Ela sofria de hérnia e, afirma, foi curada pelas rezas do pároco. De janeiro a maio de 2014, a polícia registrou 58 telefonemas do ex-senador para Moacir. “Já pensou se ele tivesse ligando para o PCC ou Estado Islâmico? Ligou para quem o aconselhou a vida toda”, diz ela.

Alcunha
Investigadores de justiça já detectaram movimentações em São Paulo de especialistas em dossiês a fim de escarafunchar as relações entre o presidente Michel Temer, e seu conselheiro e amigo, o advogado José Yunes. Já há um suspeito de ser o mandante. Yunes, que chegou a dizer que seria assessor de Temer no novo governo, agora presidirá o diretório municipal do PMDB em São Paulo.

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Rápidas
* O Ministério da Transparência baixou norma para tentar evitar que servidores federais deem “carteiradas” durante as Olimpíadas. Destaca que o crachá é para ser usado somente durante o expediente. Também proibiu que funcionários peçam aos patrocinadores cortesias para assistir aos jogos. Sob pena de processo administrativo.

* Um desencontro quase melou o acordo sanitário que garantiu o comércio de carne in natura entre Brasil e EUA. O ministro Blairo Maggi, da Agricultura, estava em Washington ansioso pela assinatura, mas o representante americano havia “sumido”.

* Blairo Maggi chegou a achar que estava tudo perdido. Mas soube depois que a autoridade estava na convenção democrata, fora da capital federal. Passado o susto, o brasileiro esperou por mais um dia e, enfim, conseguiu a ansiada assinatura.

* O ministro da Agricultura, que fará um tour de 20 dias pela Ásia, deve dispensar o avião da Força Aérea Brasileira. Acha mais confortável a primeira classe de um voo comercial, até mesmo em termos de autonomia. Além disso, fica mais barato.

Retrato falado
Diante de uma plateia inflamada na tribuna da Câmara, o pré-candidato à prefeitura de São Paulo Major Olímpio, do Solidariedade, incentivava os gritos de “greve geral”. O protesto criticava a proposta que proíbe reajustes públicos por dois anos, além de incluir gastos com terceirizados no cálculo de despesas com pessoal. Embora aliado de Michel Temer, o major evidenciou que, em época eleitoral, o governo terá dificuldades para aprovar medidas impopulares.

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Diz que sim
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, e a cúpula da Caixa Econômica Federal estão refazendo contas e analisando planilhas para tentar entregar alguma boa notícia ao presidente interino, Michel Temer. É que na próxima quinta-feira 11, ele deve receber no Palácio do Planalto cerca de 800 empresários da construção civil. Entre outros pedidos, a comitiva reivindicará mais crédito imobiliário da CEF para o brasileiro comprar casa. E o destravamento de obras do Minha Casa Minha Vida e de investimentos para tentar reaquecer o setor. A fim de amolecer o coração de Temer, pretendem presenteá-lo com um capacete escrito “Ordem e Progresso”, lema desta gestão.

Toma lá dá cá
RONALDO CAIADO, SENADOR E PRÓ-IMPEACHMENT

Qual avaliação o sr. faz sobre a Comissão do Impeachment, da qual foi membro?
Interminável. Começou como terminou , em 14 a 5. Perdemos um tempo enorme, paramos a pauta do Senado para quê? Alterou-se algo? Parecia que era uma gravação. Todo mundo repetindo as mesmas coisas o tempo todo. Nenhuma testemunha da defesa assumiu a culpa que é da (presidente afastada) Dilma. Ficavam um jogando para o colo do outro. Mas tiramos uma conclusão.

Qual conclusão?
A de que precisamos mudar a lei de impeachment urgentemente. Vamos completar quatro meses e meio com um presidente provisório. Não tem governabilidade. Porque aí tem parlamentar que tenta negociar voto exigindo contrapartida.

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Fora do baralho
Presença assídua na Comissão do Impeachment, o advogado de defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo, acha que o resultado permaneceu o mesmo porque “os votos dos senadores mostram que as cartas estavam marcadas desde o início”. E por isso não votaram pela inocência da presidente afastada.

Sem multas
O ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, disse a empresários a portas fechadas na CNI que trabalha para revisão da NR 12. É uma norma do Ministério do Trabalho que criou novos padrões de segurança de máquinas. “Já apresentei dentro do governo os impactos negativos dessa medida. Ela poderia ser revista”, avaliou.

Bombeiro
Dificíl a sanção com veto parcial do projeto que destina parte do PIS-Cofins arrecadado sobre saneamento para investimentos no próprio setor. A negociação envolveu intensas conversas entre o ministro das Relações Exteriores,
José Serra, autor da matéria, com Fazenda e Planejamento. Temer entrou em campo para evitar crise entre governo e chanceler.

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Cio da Terra
A primeira-dama, Marcela Temer, que mudou-se há pouco para Brasília, está encantada com a horta orgânica e galinhas caipiras que são criadas no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência. É ali do quintal que sai a maior parte das hortaliças, temperos, legumes, ovos e frango consumidos na mansão.

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