De olho no Copom, dólar fecha em queda após salto na sessão anterior

De olho no Copom, dólar fecha em queda após salto na sessão anterior

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda nesta segunda-feira, voltando a ficar abaixo de 5,20 reais, com investidores devolvendo parte da forte alta da sessão anterior em meio a expectativas de que o Banco Central seja mais agressivo na alta de juros nesta semana.

O dólar à vista caiu 0,84%, a 5,1654 reais na venda. O real revezou com a lira turca o posto de moeda com melhor desempenho nesta sessão.

O dólar operou todo o pregão em queda, indo de 5,195 reais (-0,27%) a 5,114 reais (-1,83%).

Na sexta, a cotação saltou 2,53%, maior alta em quase duas semanas, impulsionada por receios de ordem fiscal no Brasil.

Mas nesta segunda o mercado deu uma pausa nos aumentos de prêmio de risco no câmbio, embora no mercado de DI a alta das taxas mesmo depois da disparada de sexta serviu de lembrete dos receios sobre as contas públicas.

No curtíssimo prazo, o foco se volta para o Copom, em meio a um amplo debate no mercado se o Banco Central deveria acelerar o ritmo de alta de juros para 1 ponto percentual, que levaria a Selic para 5,25% ao ano.

“O real sobe mais hoje que vária moedas por causa da expectativa pelo Copom. E se você olha, vemos que o Brasil está subindo mais os juros do que outros mercados emergentes, o que deixa o real mais atrativo”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, que prevê alta de 1 ponto percentual na Selic na próxima quarta-feira.

Juros mais altos aumentam o retorno potencial que investimentos de renda fixa lastreados no real oferecem. Uma Selic mais elevada também impulsiona as taxas dos contratos de câmbio a termo sem entrega física (os NDFs), o que aumenta a atratividade desse derivativo para investidores estrangeiros.

Estrategistas do Morgan Stanley ainda veem os juros em alta como um amortecedor de pressões de alta sobre o dólar, que poderia ter espaço de ganhos contra o real diante de um excesso de posições favoráveis à moeda brasileira, “valuation” (uma medida de avaliação de preço) alto e sensibilidade aos movimentos do dólar no exterior.

“Achamos que a moeda terá dificuldade em sair de uma faixa de 5,00 reais a 5,60 reais no curto prazo e vemos (o mercado de) opções como o mais interessante”, disseram, mantendo recomendação de venda de puts (opções de venda) de dólar/real para três meses com delta (uma medida de sensibilidade da opção) 25.

No mercado futuro de dólar da B3, o contrato de vencimento mais curto, que chegou a cair 1,89% no dia, no fim da tarde desacelerou a baixa para 0,4%, operando acima de 5,21 reais, indicativo de quão suscetível a mudanças de variações o mercado de câmbio está.

Esse movimento, se mantido, poderá levar a uma abertura em alta do dólar na terça-feira.

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