Os primeiros atletas brasileiros participantes da “Missão Brasil” embarcam nesta sexta-feira para treinar em Portugal. O programa se estenderá até dezembro, período no qual esses atletas irão se preparar para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, que serão em 2021. Fazem parte da primeira leva as equipes de boxe, ginástica, judô, nado artístico e natação.

“A autorização de entrada para o Time Brasil em Portugal se baseou nas condições especiais previstas para brasileiros em exercício de atividade profissional no país. A legislação recentemente publicada em Portugal prevê condições especiais para atividades de natureza profissional, o que no entendimento do governo local se aplica à missão olímpica brasileira. Portugal têm estruturas de treinamentos muito boas e já havia um acordo para servir como a principal base de aclimatação do Time Brasil para os Jogos Olímpicos de Paris 2024”, disse Jorge Bichara, diretor de esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB), ao Estadão.

De acordo com Maria Portela, integrante da seleção brasileira de judô, que treinará no Centro de Treinamento de Rio Maior e, posteriormente, parte rumo a Coimbra para treinamentos em conjunto com a seleção portuguesa, a saída encontrada pelo COB foi uma “sacada” muito boa. Ainda não há previsão de retorno no Brasil de treinos de sua modalidade, que envolve contato e é praticamente impossível realizar as atividades sem aproximação.

“Esse retorno será muito positivo, tanto para nossa preparação, quanto para nossa questão psicológica. Voltaremos a sentir que somos atletas. Estamos desde março sem colocar as mãos no quimono. A intensidade do restabelecimento de nossas rotinas será gradual, mas voltar a se sentir atleta, voltar a se sentir vivo, me deixa muito feliz”, revelou Portela.

A atleta acredita que a concentração de atletas no Brasil só poderá ocorrer quando a situação epidemiológica do País estiver mais branda. “Seria legal dar continuidade a esse projeto em algum lugar que tivesse estrutura e que nos possibilitasse treinar sem qualquer risco no Brasil”, disse a judoca.

Ao todo, 207 atletas de 15 diferentes modalidades irão participar do programa, que custará cerca de R$ 15 milhões. Questionado sobre a possibilidade de realizar uma espécie de bolha no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, que foi o coração da Olimpíada do Rio de Janeiro, assim como a NBA faz no complexo de parques da Disney, Bichara afirmou que não seria possível, já que muitas adaptações teriam que ser feitas no local.

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“Nos planos que o COB apresentou, antes dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, para a Prefeitura do Rio e para o Comitê Organizador dos Jogos, existia a previsão da construção de um refeitório e de um alojamento dentro do Parque Olímpico. Acreditamos que isso ainda seja possível, mas no momento não é. Como nós não dispomos de hospedagem e alimentação dentro do parque, esse sistema de bolha não se adequa”, explicou o dirigente.

O local, fechado há mais de 4 meses em decorrência da pandemia, será reaberto na próxima segunda-feira. Contudo, nem todos os atletas de alto rendimento poderão frequentar o Parque Olímpico. Nesta primeira fase de reabertura, apenas atletas que residem no Rio de Janeiro e que já estão classificados para os Jogos de Tóquio-2020 – ou próximos de garantir a vaga – poderão utilizá-lo.

Segundo Bichara, o COB mapeou diversos países além de Portugal. A entidade, que já havia fechado um acordo com o comitê olímpico do país, visando a preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, optou por antecipar as relações com os portugueses devido ao cenário de combate à pandemia local. Um protocolo rígido de combate à covid-19 será seguido pelos atletas brasileiros que desembarcarem em solo lusitano.

“Junto com as autoridades portuguesas, o COB estabeleceu um protocolo de controle para identificar e prevenir a contaminação pelo novo coronavírus. Assim, todos os integrantes da delegação estão sendo testados até 72h antes do embarque, só podendo viajar caso apresentem resultado negativo para o PCR. Ao chegarem a Portugal, os membros da equipe seguirão direto para o Centro de Treinamento, onde serão novamente testados e ficarão em isolamento por 48h, até sair o resultado da sorologia. Aí então estarão aptos para atividades esportivas”, afirmou.


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