Os brasileiros não dão sorte com os mosquitos da febre amarela e esse início de 2018 corrobora o fato. É só o ministro da Saúde, Ricardo Barros, declarar que um surto está encerrado, e os insetos se alvoroçam. Ou seja: fala-se sempre que a situação está sob controle, mas, na verdade, há muito tempo que quase nada anda controlado no plano da saúde pública. Em outubro do ano passado, enquanto o ministério assegurava que o surto em curso era somente o do vírus silvestre, que não afetaria o homem, o seu próprio site alertava: “elevado potencial de contaminação em áreas urbanas”. Parece que mosquitos que servem de vetores da doença (macaco-mosquito-homem) decidiram endossar o aviso. O País está passando, sim, por um grave surto de febre amarela urbana. O estado e a cidade de São Paulo tomaram há três meses providências imediatas por meio de um estratégico e correto plano de vacinação, quando o vírus ainda estava nos parques e só nos macacos. Mesmo assim a enfermidade veio e avança em diversos pontos do País. Dois fatos apontam a gravidade da situação. O primeiro: apesar dessas providências, até a quinta-feira 11 São Paulo registrava quatro pessoas mortas e doze infectadas. Na região metropolitana de Belo Horizonte, os óbitos subiam para nove. Na Bahia, aumentava o índice de casos. Eis o segundo ponto a mostrar que a coisa é séria: no começo de fevereiro as vacinas serão fracionadas em cinco, justamente para cobrir maior parcela da população (20 milhões de pessoas) sem risco de zerar o estoque nacional. A vacina fracionada só imuniza, no entanto, por oito anos (e não pela vida toda como ocorre com a dose normal). Detalhe: assim dividida, ela não vale em viagens internacionais porque não é aceita em outros países.

54%

dos brasileiros são favoráveis à pena de morte no País: 60% dos homens e 54% das mulheres. A porcentagem é menor entre pessoas com nível superior (50%) e maior entre aquelas que só possuem ensino fundamental (57%). Dados do Datafolha. No Brasil a pena de morte só pode ser implantada com outra Constituição. Na vigente, a sua proibição é cláusula pétrea.

COMPORTAMENTO
A confusa história de Jonatan Diniz

Luis Carlos Kriewall Filho

Em evento na OAB do Balneário Camboriú, o brasileiro Jonatan Moisés Diniz, que ficou preso onze dias na Venezuela (acusação de pertencer ao crime organizado), apareceu em vídeo feito nos EUA. Ele surpreendeu a todos ao dizer que premeditou a detenção com a finalidade de chamar atenção para sua ONG “Time to change the Earth”. Criticou a mídia por falar apenas da prisão: “não me perguntaram quantas crianças tenho ajudado”. Diniz, segundo pessoas que o conhecem, já foi internado em uma clínica de Los Angeles devido a problemas psiquiátricos.

CARNAVAL
Nota dez para a verde e rosa

Armando Paiva

A verde e rosa vai lavar a alma de muita gente no carnaval – e também a sua própria. Em resposta ao prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que tesourou pela metade a verba do desfile, o enredo da Mangueira será “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”. Mais: Crivella censurou manifestações gays? Os gays sairão, e com destaque, nas alas da escola.

BRASIL
Estranha matemática

Mistério: no Brasil há somente 544 condenados por crimes contra a administração pública. Mistério: apenas 50 cumprem pena por corrupção. Mistério: isso ocorre num País no qual, só no ano passado, o governo federal expulsou 335 servidores corruptos. Mistério: presos por corrupção são 0,006% da massa carcerária.

SEGURANÇA
George Orwell total

Divulgação

Na China, bancos e instituições financeiras já se valem de alta tecnologia para conseguir o reconhecimento facial de seus clientes e se certificarem, assim, de suas identidades. Agora, o governo parte para um projeto bem mais ambicioso e começa a implementar uma rede de identificação (foto) que conecta câmeras de segurança instaladas em ruas, estradas e lojas com sistemas similares que operam em grandes condomínios. Até 2020, tal método, dizem as autoridades, deverá ser “onipresente e estar totalmente integrado”. A China possui 172 milhões de câmeras. É o controle total do Estado sobre o indivíduo como preconizou George Orwell.

SOCIEDADE
O fantasma de Céline

Divulgação

Sinuca de bico para o presidente da França, Emmanuel Macron. A mais tradicional editora do país, a Gallimard, está reeditando três textos (“Ecrits polémique”) do escritor Louis-Ferdinand Céline (foto) a favor do nazismo e do antissemitismo. Foram escritos entre 1937 e 1941. A Europa vai cada vez mais para a direita e existe público para tal leitura. Mas há também intelectuais protestando: querem a intervenção de Macron no mercado editorial. Se ele ficar quieto será chamado de extrema direita, se atuar levará o rótulo de censor, uma vez que a lei do país autoriza tais publicações. Na França já está circulando livremente “Mein Kampf”, de Adolf Hitler.