SÃO PAULO, 29 OUT (ANSA) – Por Luciana Ribeiro – Um filme inspirado em um roteiro original de Federico Fellini e Tullio Pinelli sobre a jornada de duas crianças napolitanas que, no Pós-Guerra, embarcam clandestinamente rumo aos Estados Unidos em busca de um futuro melhor marcou a abertura da 20ª edição do Festival de Cinema Italiano no Brasil.
O longa “De Nápoles a Nova York”, de Gabriel Salvatores, foi exibido na cerimônia de lançamento do evento, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, em uma noite que teve como mestre de cerimônia o ator ítalo-brasileiro Reynaldo Gianecchini, um dos maiores galãs da história da TV no Brasil.
“Eu amo o festival desde sempre, e essa ideia de unir culturas, fomentar as relações entre os países, criar projetos e colocar as pessoas da indústria em conjunto é muito legal. Sendo italiano, eu fico mais feliz ainda”, disse o astro em entrevista à ANSA.
A inauguração ocorreu em um auditório lotado, o que, segundo o cônsul-geral da Itália em São Paulo, Domenico Fornara, reflete o apreço pela cultura do “Belpaese” no Brasil. “O cinema é, talvez, a arte de mais imediata compreensão. E após 20 anos, estamos vendo que esse festival é verdadeiramente muito esperado e amado e se torna cada vez maior”, afirmou o diplomata, destacando o “esforço de equipe” para organizar o evento, realizado pela Câmara de Comércio Italiana de São Paulo (Italcam), com apoio da Embaixada da Itália em Brasília, da rede consular e de inúmeras empresas, como a Pirelli.
Até 29 de novembro, o festival levará gratuitamente 24 filmes a 130 salas de cinema de mais de 90 cidades de todo o Brasil, além de uma plataforma de streaming oficial do evento. A seleção inclui 12 longas contemporâneos e uma retrospectiva com outros 12 clássicos para homenagear os grandes mestres do cinema italiano.
“Chegar a uma data tão especial como essa com um conteúdo mais que especial é uma gratidão, porque é um festival feito com muito carinho, amor e cuidado. E a prova de que o público gosta é ele existir há 20 anos”, enfatizou a diretora e curadora do evento, Erica Bernardini. “É a celebração não só do cinema, mas da amizade e da ponte cultural entre Brasil e Itália”, salientou.
Entre os destaques inéditos da programação estão os filmes “L’abbaglio” (“A ilusão”), de Roberto Andò, com Toni Servillo; “Hey Joe”, de Claudio Giovannesi, estrelado por James Franco; “Le città di pianura” (“A última rodada”), de Francesco Sossai; o documentário “Roberto Rossellini, più di una vita” (“Roberto Rossellini, mais que uma vida”), de Ilaria de Laurentiis, Raffaele Brunetti e Andrea Paolo Massara; “Gioia mia” (“Verão na Sicília”), de Margherita Spampinato; e “La vita da frandi” (“Irmãos”), de Greta Scarano.
Além, é claro, do filme de abertura, “De Nápoles a Nova York”, uma narrativa que mescla a dureza da imigração à poesia visual e à sensibilidade emocional características do cinema de Salvatores.
Entre as ruínas de uma Nápoles assolada pela miséria, os jovens Carmine e Celestina lutam para sobreviver como podem, até que, em certa noite, embarcam às escondidas em um navio com destino a Nova York, movidos pelo sonho de reencontrar a irmã de Celestina, que emigrara anos antes. Já em solo americano, enfrentam dificuldades, descobertas e aprendizados até, pouco a pouco, passarem a ver aquele novo país como o próprio lar.
O renomado ator italiano Antonio Catania, que faz parte do elenco do filme, também esteve na cerimônia em São Paulo e lembrou que esta é sua segunda participação no festival, após ter vindo em 2015.
“O impacto que nosso cinema tem no exterior é sempre surpreendente”, destacou o astro à ANSA, enfatizando que o evento “mudou e cresceu muito” ao longo dos anos.
Assim como nas edições anteriores, o filme da seleção de inéditos mais querido pelo público será laureado com o Prêmio Pirelli.
Já a “Seção Retrospectiva” trará de volta às telas obras que marcaram a história da sétima arte, como “Ladri di biciclette” (“Ladrões de bicicletas”), de Vittorio De Sica, marco do neorrealismo; “Paisà”, de Roberto Rossellini; e “L’amore in città” (“Amor na cidade”), antologia que reúne os cineastas Michelangelo Antonioni, Dino Risi, Federico Fellini, Carlo Lizzani, Francesco Maselli, Cesare Zavattini e Alberto Lattuada.
(ANSA).