08/11/2023 - 20:50
Centenas de manifestantes protestaram nesta quarta-feira (8) no Panamá contra a atividade mineradora, vestidos de preto em sinal de luto pela morte de dois professores, que foram baleados por um homem enfurecido durante um bloqueio nos arredores da capital.
Agitando bandeiras do Panamá, os manifestantes, em sua maioria professores, protestaram na Cidade do Panamá e arredores e em outras províncias do país, às vezes em silêncio e às vezes gritando slogans contra o governo, ao qual responsabilizam pela agitação social que o país está vivenciando.
“Isto poderia ter sido evitado pelo governo nacional. Não apenas os professores estão muito tristes (…), o povo está nas ruas dizendo ‘não’ à mineração. Para nós, a riqueza são os recursos naturais. Ontem (terça-feira) perdemos dois colegas em uma luta nossa muito pacífica”, disse Xisto Díaz, um professor de 54 anos, à AFP.
Outro professor, Armando Guerra, de 52 anos, acusou o presidente Laurentino Cortizo de permanecer “indiferente à realidade que o país está vivendo”.
Há quase três semanas, os panamenhos protestam contra um contrato assinado pelo governo e aprovado pelo Congresso, que permite à empresa canadense First Quantum Minerals (FQM) operar por 40 anos a maior mina de cobre da América Central no Caribe panamenho.
“Se o povo continuar votando nas mesmas pessoas, a cada cinco anos estaremos perdendo educadores, trabalhadores, qualquer pessoa que se atreva a lutar vai morrer”, declarou Jerry Méndez, também professor, de 46 anos.
Para conter os protestos, o Congresso aprovou na última sexta-feira uma moratória para a mineração metálica, mas decidiu deixar a decisão final sobre o contrato nas mãos da Suprema Corte de Justiça, o que satisfez os ambientalistas.
No entanto, o sindicato da construção e sindicatos de professores continuaram os protestos e bloqueios, exigindo que o contrato seja imediatamente anulado, substituindo o acordo de concessão de 1997, que foi concedido sem licitação e em condições desfavoráveis para o país.
O governo e a empresa argumentam que o novo contrato proporciona contribuições mínimas anuais ao Estado no valor de US$ 375 milhões (R$ 1,8 bilhão), dez vezes mais do que o valor do acordo inicial, e que a mina gera cerca de 50 mil empregos diretos e indiretos, contribuindo com 5% do PIB.
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