30/05/2022 - 11:47
Kunle Adeyanju, de 44 anos, saiu de Londres em 19 de abril, percorreu mais de 13 mil quilômetros de moto e atravessou 13 países, até chegar no domingo (29) a Lagos, capital econômica da Nigéria, seu país de origem.
Seu objetivo: captar fundos para a ONG Rotary International e apoiar a luta contra a poliomielite, doença muito contagiosa, erradicada desde 2020 no continente africano graças à vacina, mas que ainda é uma ameaça.
“Estou cansado, porque tenho dormido 3 a 4 horas por noite. Mas estou orgulhoso por ter superado este desafio” disse à AFP.
Escoltado por vários motociclistas desde a fronteira com Benin, Kunle Adeyanju foi recebido com entusiasmo por dezenas de pessoas na sede do Rotary em Ikeja, bairro de Lagos.
Com o perfil “LionHeart”, o motociclista relatou sua jornada nas redes sociais e explodiu em popularidade.
– 100 mil seguidores –
Adeyanju posou com habitantes e autoridades locais em Togo, Benin, Gana e Senegal e também em países considerados perigosos como Mali e Burkina Faso, locais de insurreições jihadistas.
No Mali, um de seus pneus furou. “Eu nem sequer falava o idioma. Mas as pessoas me ajudaram”, disse.
Na Mauritânia, ao contrário, teve centenas de euros roubados: “a pior experiência”.
Sua conta no Twitter tinha somente três seguidores quando foi criada, em dezembro de 2021. Agora tem cerca de 100 mil e o comentário do presidente da rede social: “obrigada por compartilhar esta viagem inspiradora com o mundo inteiro através do Twitter”, escreveu em meados de maio Parag Agrawal.
– Paralisia irreversível –
Desde que a Nigéria erradicou oficialmente este vírus em 2020, o Paquistão e Afeganistão são os únicos dois países do mundo onde a poliomielite segue endêmica.
“O Rotary International batalha pela erradicação da polio no mundo há 20 anos” explica Delight Sunday-Anicho, presidente do Rotary Club de Ikoyi, em Lagos, que cederá suas funções ao motociclista a partir de julho.
A vacina foi criada nos anos 1950, mas era inacessível para países pobres da África e Ásia, até a importante mobilização das últimas décadas.
Kunle Adeyanju, que foi operador logístico da Shell na Nigéria, conta que se lançou nesta aventura com seus próprios recursos –19 mil euros– em memória de um “amigo de infância” que foi infectado pelo vírus.
“Nós praticávamos esportes, mas ele não podia se mexer. Só ficava olhando”.
A poliomielite provoca uma paralisia irreversível e pode causar a morte. Apesar de seu vírus circular de forma endêmica em alguns países, milhares de crianças estão ameaçadas em todo o mundo.
Com esta viagem, Kunle Adeyanju -que já escalou duas vezes o Kilimanjaro- espera captar para o Rotary 20 milhões de nairas, cerca de 48 mil dólares.