09/04/2024 - 6:37
Dos primeiros Jogos Olímpicos de Atenas em 1896 até Tóquio-2020, confira a seguir uma seleção de atletas que deixaram uma marca na história olímpica por seus recordes, façanhas e vidas extraordinárias.
Em 4 de agosto de 1936, o inaugurado Estádio Olímpico de Berlim estava repleto de bandeiras com a suástica. Jesse Owens, um atleta americano negro de 22 anos, ganhou o ouro no salto em distância com 8,06 metros.
No entanto, seu verdadeiro destaque foi por derrotar o ídolo local, o alemão Lutz Long, branco, alto e de olhos azuis, não permitindo que o regime nazista defendesse a superioridade da raça ariana.
Furioso, Hitler abandonou o estádio. Mas Long parabenizou esportivamente Owens com um abraço.
Caçula entre os onze filhos de moradores do Alabama, e neto de escravos, ele conquistou com folga outros três ouros – 100m, 200m e revezamento 4x100m – e acumulou vários recordes mundiais, tornando-se o herói dos primeiros Jogos televisionados.
Ao retornar para os EUA, ainda segregacionista, ele não foi recebido pelo presidente Roosevelt.
O atleta foi recebido com honras na Casa Branca apenas em 1975. “Jesse Owens conseguiu um feito que nenhum estadista, jornalista ou general conseguiria: forçar Adolf Hitler a sair do estádio”, destacou Gerald Ford na época.
Após Berlim, o campeão encerrou sua carreira esportiva e aceitou pequenos empregos. Ele morreu em 1980, aos 66 anos, vítima de câncer de pulmão.
Em 1999, a neerlandesa foi eleita a melhor atleta do século XX, junto a Carl Lewis na categoria masculina.
Blankers-Koen (1918-2004), uma atleta de várias modalidades convertida em corredora, filha de um lançador de disco e peso, é a única atleta que conquistou quatro medalhas de ouro em uma única edição olímpica, em Londres-1948, igualando a façanha de Owens, a quem conheceu no estádio de Berlim e cujo autógrafo guardou como um tesouro durante toda a vida.
Aos 30 anos e mãe de dois filhos, ganhou os 80, 100 e 200 m de obstáculos e o revezamento 4×100 m, o que lhe rendeu o infeliz apelido de “dona de casa voadora”.
Seu retorno a Amsterdã foi triunfal. “Eu só corri rápido, não vejo por que as pessoas fazem tanto alarde”, declarou surpresa, enquanto passeava entre a multidão animada.
Durante sua carreira, ela quebrou ou igualou doze recordes mundiais em atletismo, em sete modalidades diferentes. Ela se aposentou quase aos 40 anos e faleceu em 2004.
Com uma carreira de sobrevivente, ela ainda é considerada a maior influência das atletas negras americanas.
“Ela foi um ícone”, disse o histórico dirigente do atletismo americano Ollan Cassell. “Ela foi para as mulheres o que Jesse foi para os homens”.
Nascida em 1940 em um “gueto” no Tennessee, a vigésima de 22 irmãos, ela contraiu aos quatro anos pneumonia dupla, escarlatina e poliomielite.
“Meus médicos disseram que eu nunca mais poderia andar. Mas minha mãe me garantiu que eu conseguiria. Eu acreditei na minha mãe”, disse. Graças a uma prótese, massagens diárias, apoio familiar e uma mentalidade de ferro, a jovem doente se tornou a mulher mais rápida do mundo.
Ela conquistou sua primeira medalha olímpica nos Jogos de 1956, em Melbourne, com um terceiro lugar. No entanto, desapontada por não ter conquistado o ouro, trabalhou duro e, quatro anos depois, em Roma, conquistou três medalhas de ouro nos 100 m, 200 m e 4×100 m. No revezamento, ela conseguiu a proeza de dar a vitória para sua equipe apesar de correr com uma torção no tornozelo.
Seu alcance foi mundial. Quando retornou aos Estados Unidos, ela recebeu uma homenagem aberta a todos – uma novidade no país.
Detentora de vários recordes mundiais, ela se aposentou em 1962 quando estava no auge de sua carreira. Rudolph morreu em 1994 de câncer.
Predestinado, Abebe Bikila nasceu em 7 de agosto de 1932, no dia em que foi disputada a maratona nos Jogos de Los Angeles.
O filho de um pastor etíope, ex-membro da guarda imperial, foi o primeiro atleta da África a ganhar um ouro olímpico, em 1960. Sua chegada ao Arco de Constantino, em Roma, foi um símbolo, 25 anos após a invasão parcial da Etiópia pela Itália fascista de Mussolini.
O corredor, que sempre treinou descalço, experimentou vários pares de tênis em Roma, embora não tenha se convencido por causar bolhas. Ele correu sem sapatos e venceu com uma superioridade, quebrando o recorde mundial.
Apesar de ter passado por uma operação de apendicite um pouco antes, o peso pluma (1,77m, 57 kg), que se tornou um herói em seu país, “capaz de correr do amanhecer ao anoitecer”, fez uma dobradinha histórica em Tóquio-1964 – desta vez, calçando tênis.
Ele morreu em 1973, aos 41 anos, vítima de uma hemorragia cerebral, depois de sofrer um acidente de trânsito alguns anos antes, que o deixou em uma cadeira de rodas. Seu funeral foi assistido por 65.000 pessoas, incluindo o imperador Hailé Selassié.
Os Jogos do México em 1968 entraram para a história devido ao gesto de Tommie Smith e John Carlos, excluídos para sempre do evento após erguerem o punho no pódio dos 200 metros para denunciar a discriminação contra a comunidade negra nos Estados Unidos.
Mas foi outro americano, Bob Beamon, que realizou a maior façanha esportiva, quebrando por 55 cm o recorde mundial no salto em distância, com um salto de 8,90 m.
O chamado “salto do século” sobreviveu por mais de duas décadas e foi batido em 1991, mas continua sendo o recorde olímpico.
Apelidado de “Aranha do Espaço”, o campeão nascido em 1946, no Bronx, logo deixou a competição para se dedicar à música. Em fevereiro, ele vendeu sua medalha de ouro, que foi arrematada por US$ 441 mil (R$ 2,2 milhões).
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