Remonta os primórdios da existência humana, do Australopiteco ao Homo Sapiens, a violência por meio de conflitos e guerras em busca de território, comida e poder. Todos os Homos – habilis, ergaster, erctus, neanderthalensis – experimentaram a fragilidade de uma vida efêmera diante da iminência e certeza dos ataques dos predadores e tribos rivais.

Caminhamos milhões de anos de evolução, para chegarmos à Idade Média produzindo as mais sanguinárias e cruéis batalhas de nossa odisseia. Um pouco antes, ainda sob a égide do Império Romano e seus inimigos, guerras igualmente sangrentas e impiedosas, que duravam décadas, transformaram a existência humana em verdadeiro inferno sobre a Terra

A idade moderna, com o desenvolvimento da agricultura e do comércio, e a forte expansão da navegação marítima, prometia uma nova era em que os homens, já dotados de alguma racionalidade e propensão à coexistência e intercâmbio, experimentariam períodos de paz e prosperidade, algo comum ao desejo intrínseco da maioria absoluta dos seres humanos.

TUDO PODE PIORAR

Contudo, colonização, escravidão, guerras religiosas e toda a sorte de sacrilégios humanitários, culminaram, igualmente, em mais dois ou três séculos de pura barbárie e, pior, maior distanciamento e ódio dos povos. Quanto mais o mundo evoluía, maiores os conflitos. Quanto maiores os conflitos, justamente pela evolução, mais terríveis eram.

Em 1789, a Revolução Francesa inaugurou nosso tempo, chamado de Idade Contemporânea, dessa vez, não prometendo paz e progresso, mas guilhotina, forca e fogueira, como formas de justiçamento e vingança, que abriram as portas de novas carnificinas – napoleônicas, maoístas, comunistas, primeira e segundas guerras mundiais e tantas outras.

Hoje, em pleno século XXI, após mais de 2.5 milhões de anos do surgimento da espécie originária do Homo Sapiens – 200 mil anos atrás – a humanidade não apenas não abandonou guerras e armas, como produz conflitos em série, ao redor do globo, e arma-se de forma cada vez mais potente e aniquiladora, garantindo a pulsão de morte de cada dia.

OTAN EM EXPANSÃO

Em épocas mais recentes, à partir dos genocídios comunistas na Ásia e Europa oriental, guerras étnicas tribais (na África) e religiosas (no Oriente Médio), não esquecendo as primeira e segunda guerras mundiais – tampouco a Guerra Fria -, o homem decidiu demarcar seus territórios (terra, religião, economia, influência) com mais ênfase e virulência.

A instabilidade no Oriente Médio, a a ameaça chinesa sobre Taiwan, o morticínio dos Emirados Árabes sobre o Iêmen, as ‘limpezas’ étnicas africanas, e agora a invasão da Ucrânia, pela Rússia, motivada (também) pela expansão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), reforçam nossa gênese guerreira e aptidão pela autodestruição.

Finlândia e Suécia, com o apoio e incentivo dos países ocidentais que formam a OTAN, decidiram entrar no bloco, causando novas ameaças russas. Na Ucrânia, a inesperada resistência, com o apoio militar dos Estados Unidos, França, Inglaterra, Polônia, etc., colocou o sanguinário Vladimir Putin em maus lençóis, o que traz ainda mais perigo.

PUTIN DO JUíZO FINAL

Isolado pelo mundo, com a economia em frangalhos após o boicote e os embargos em massa das grandes economias, Putin pode sentir-se ainda mais à vontade para reagir de forma selvagem – que lhe é peculiar; e aos russos, historicamente falando – e escalar um conflito de dimensões verdadeiramente catastróficas, inclusive de ordem nuclear.

O moral dessa história milenar talvez esteja mesmo descrito – desde sempre! – pelos filmes de ficção apocalípticos, tipo Mad Max e outros, que retratam um planeta selvagem, destruído após uma derradeira guerra atômica, habitado por tribos selvagens em busca de água, alimento e energia. O homem, ao que parece, é mesmo o lobo do homem.

No fim do último dia da epopeia humana, haverá apenas um único vencedor: as armas – objeto de desejo e motivo de proselitismo de tanta gente, inclusive no Brasil, como Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto. Há homens maus que passam a vida inteira se armando e que, enfim, no fim, encontrarão o devido e merecido destino: a paz eterna da inexistência.