Durante café da manhã com jornalistas realizado na manhã desta sexta-feira, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), evitou tecer maiores comentários sobre a reportagem de ISTOÉ que revelou cheques em prol da campanha de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) ao senado, assinados por uma irmã de policiais militares que foram presos na Operação Quarto Elemento acusados de envolvimento com as milícias no Rio de Janeiro.

Em uma conversa com repórteres, primeiramente Davi disse que era uma questão exclusiva do senador. Mais tarde, durante entrevista coletiva e quando questionado se esse tipo de episódio poderia denegrir a imagem do Senado, o presidente da Casa foi mais taxativo. “Eu acho que o Senado já deu uma demonstração de maturidade política, quando teve a condição de se levantar de um modelo de três décadas. Agora, daqui para frente a gente tem que trabalhar com serenidade, não posso como presidente do Senado acusar um senador… eu posso como presidente do Senado pedir para os senadores terem postura de senadores”, declarou Alcolumbre.

Nesta sexta-feira 22, ISTOÉ revelou que Valdenice de Oliveira Meliga, que teve dois irmãos, Alan e Alex, presos em agosto do ano passado acusados de ligação com milicianos, comandava as finanças de Flávio Bolsonaro durante a campanha do ano passado, sendo responsável, inclusive, por assinar cheques em nome do candidato. Valdenice tinha procuração de Flávio para operar as finanças da campanha.

Em resposta à imprensa, a assessoria de imprensa de Flávio Bolsonaro classificou o vínculo entre Val e milicianos como uma “ilação irresponsável” por parte de IstoÉ. “Val Meliga é tesoureira geral do PSL. Tinha como determinação legal a obrigação de assinar cheques do partido em conjunto e jamais em nome do atual senador”, descreveu em nota a assessoria do parlamentar. Como mostram as imagens do cheque, o titular da conta é “Flávio Nantes Bolsonaro”. De fato, outras pessoas além de Val tinham procuração também. Mas é incontestável, pelas imagens, que ela assina os cheques em nome de Flávio.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Ainda nesta conversa com jornalistas, o presidente do Senado acredita que a Reforma da Previdência pode ser aprovada antes do recesso legislativo, em julho. “Eu acho que aprova até junho. Se vier da Câmara em abril, eu acho que a gente entra no recesso de julho com a reforma aprovada”, disse Davi Alcolumbre.

O presidente do Senado afirma que o governo precisa afinar a sua base aliada e que existem vários pontos a serem discutidos no projeto. O principal deles é o valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que, pelo projeto, será de R$ 400 mil. Por se tratar de uma mudança na constituição, a PEC da Reforma da Previdência precisa ter 308 votos na Câmara e 49 no Senado. “Existe o sentimento: senadores e deputados querem votar a reforma por conta do momento que nós estamos vivendo, mas o governo tem que se articular politicamente, buscar as lideranças, os partidos e parlamentares para garantir o voto mínimo necessário”, descreveu o presidente do Senado.

Para acelerar a reforma, Alcolumbre defendeu que senadores acompanhem a tramitação do projeto na Câmara para que a proposta, quando ir para o Senado, já esteja alinhado às ideias dos senadores.