Os candidatos à prefeitura de São Paulo protagonizaram uma sequência de troca de acusações durante o debate da TV Bandeirantes realizado na noite desta quinta-feira, 8. De usuário de cocaína a integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), os candidatos até tentaram fazer dobradinhas, mas sem sucesso.

No primeiro bloco, destinado para o confronto direto entre os candidatos, os ataques partiram para todos os lados. No começo, o alvo principal era o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), como mostrou a IstoÉ, mas houve sobras para ataques a Guilherme Boulos (PSOL).

Logo na primeira pergunta, o candidato Pablo Marçal (PRTB) chamou Nunes de “incompetente” e logo o prefeito tentou se desvencilhar e questionou se o adversário estava agitado.

Na sequência, o emedebista encarou um confronto direto com Boulos, que comentou as suspeitas de realização de obras de recapeamento sem licitação, enquanto o prefeito afirmou que o psolista instituiu a legalização da rachadinha, em referência ao relatório de André Janones (Avante-MG) e citou a ditadura da Venezuela para tentar colar a imagem de Nicolás Maduro ao adversário.

“O que mais me preocupa é a falta de transparência. Nunes, você gastou praticamente R$ 6 bilhões em obras sem licitação e planejamento. São Paulo merece saber quem é Pedro José da Silva e a sua relação com ele”, questionou Boulos.

“Você precisa responder quem é Janones, você instituiu a legalização da rachadinha. Você precisa responder quem é Maduro”, rebateu Nunes.

Boulos ainda usou José Luiz Datena (PSDB) para cutucar Nunes, mas a dobradinha que era imaginada saiu pela culatra quando o tucano questionou a opinião do deputado federal sobre Maduro. Mesmo assim, o apresentador usou boa parte de seu discurso para colar a imagem de Ricardo Nunes ao caso das máfias das creches e aos contatos de empresas de ônibus ligadas ao PCC.

Além das fortes declarações de Marçal (leia mais abaixo), o embate entre Datena e Nunes foi um capítulo à parte. No segundo bloco, o prefeito ameaçou processar o jornalista, que respondeu durante o confronto direto entre eles e disse “ser um prazer ser processado” pelo emedebista.

“Vai ser uma maravilha se o senhor me processar. Vou pendurar no quadro principal da minha casa. É uma honra ser processado por gente como você, que beira a acusação grave de pertencer a organizações que estão resvalando o crime organizado nesta cidade”, afirmou Datena.

“Segunda vez que tenho direito de resposta contra esse senhor desrespeitoso. Esse senhor foi condenado várias vezes por imputar crimes a pessoas inocentes, por praticar outros crimes, mas não vou falar aqui por respeito à família dele”, disse Nunes, que foi desafiado por Datena para falar.

O próprio prefeito também tentou usar o outro candidato da direita, Pablo Marçal, como escada para atacar Boulos, mas a ideia também não foi bem aceita pelo peerretebista, que afirmou ter a sua saída da prefeitura como a “proposta número um”.

Tabata Amaral

A candidata Tabata Amaral (PSB) também mirou seus ataques a Ricardo Nunes. No único confronto direto entre eles, a deputada lembrou de um boletim de ocorrência registrado em 2011 pela esposa dele, Regina Nunes, por violência doméstica.

“Você disse que o BO foi forjado. No dia seguinte, a polícia te desmentiu. São Paulo não merece um prefeito que mente e que é agressor de mulher”, disse Tabata, que completou questionando se ele tinha mentido ou não sobre o tema.

Nunes negou o crime e voltou a dizer que o documento foi forjado. Antes da resposta do prefeito, Regina se levantou e gritou com Tabata: “Deixe minha família em paz” e foi acalmada pela cúpula do MDB presente no debate.

“Não esperava de você um nível desse. Em época de eleição, aparecem esses assuntos, forjam essas histórias. Tive um período de 4, 5 meses que a gente realmente se separou, tivemos um desentendimento. Mas nada de agressão”, rebateu Nunes.

Tabata ainda pediu comprovantes de exames feitos pelo emedebista na rede pública no começo do ano. Ela insinuou que o prefeito teria furado a fila para ter prioridade no atendimento, o que Nunes também negou.

A deputada também protagonizou um forte embate com Pablo Marçal, ao questionar uma condenação contra o coach por furto qualificado. Na resposta, Marçal disse que Tabata era “adolescente” e que precisava amadurecer. Ele ainda chamou os apoiadores da parlamentar de “torcida kids” e chegou a ser acusado de machismo por alguns membros da campanha da candidata.

Pablo Marçal

O coach foi um segundo capítulo à parte. Além de ataques a Nunes e Tabata, o candidato reservou um forte ataque a Guilherme Boulos para o final.

No começo do terceiro bloco, Marçal deu uma fungada no nariz, dando a entender que Boulos era usuário de cocaína. Ele reafirmou a denúncia aos jornalistas após o debate e disse que teria um prontuário que prova a denúncia, mas não apresentou o documento.

Durante a convenção partidária, realizada no domingo, 4, Marçal disse que haviam dois candidatos que eram usuários de drogas. Internamente, a declaração foi vista como um recado para Nunes e Boulos. Ambos negam as falas do peerretebista.

Ao final do debate, durante a coletiva de imprensa, Marçal voltou a protagonizar embates com as equipes de adversários. Um apoiador do PSOL vaiou o empresário, que rebateu ao dizer que todos os apoiadores de Boulos seriam demitidos da prefeitura.

Propostas e próximo debate

As poucas propostas discutidas foram no segundo bloco, quando jornalistas realizaram as perguntas endereçadas a determinados candidatos. Mesmo com um nível mais elevado que o bloco anterior e o seguinte, os ataques continuaram velados e com a mira voltada novamente para Nunes.

O próximo encontro entre os candidatos à prefeitura de São Paulo será no dia 14 de agosto, no debate realizado pelo jornal O Estado de S.Paulo, Terra e Faap.