Em sua primeira candidatura, José Luiz Datena (PSDB) afirmou não ter dúvidas de que saiu “na eleição errada”, por ser “a mais difícil”, em referência à disputa pela prefeitura de São Paulo. A declaração foi dada na quinta-feira, 29, em entrevista ao canal GloboNews.

“Não tenha dúvida, eu considero muito ter saído na eleição errada. Primeiro que é a eleição mais difícil”, disse Datena ao ser questionado sobre o avanço de outros candidatos, como o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que ultrapassou o apresentador nas pesquisas de intenções de voto.

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Cenário cinzento

Sem apoio de outros partidos, com desconfianças internas e menos agendas de campanha do que os principais adversários, Datena tem encarado um cenário distante da expectativa gerada quando decidiu de fato se candidatar — o apresentador já havia anunciado que concorreria a diferentes cargos nos pleitos de 2016, 2018, 2020 e 2022, mas sempre desistiu.

O tucano apostou em se apresentar como uma alternativa à polarização dos candidatos apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a entrada de Marçal na disputa, disse ele na entrevista, mudou o cenário e aumentou a dificuldade da corrida.

Datena reconheceu, ainda, que precisa melhorar seu desempenho durante os debates, mas reclamou do fato de os adversários querem “dar porrada nesse Pablo Marçal”, o que faz, segundo ele, com que o ex-coach ganhe protagonismo. “Esse tipo de gente tem que ser parada pela Justiça”, afirmou.

Ninguém sabe quem vai ganhar esta eleição. Estou sentindo que a única grande chance que eu tenho é com o povo, mesmo“, disse, afirmando que sente o carinho das pessoas durante as agendas de rua. O tucano afirmou que em outras eleições, suas pré-candidaturas iniciaram com “25%, 30% (das intenções de voto) já de saída”, afirmando que se fosse para encarar uma “eleição considerada certa” teria seguido nas anteriores.

Na quarta-feira, 28, Datena registrou 12% das intenções de voto na pesquisa Quaest, na quarta posição — atrás de Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) –, em empate técnico com Tabata Amaral (PSB), que marcou 8%.

Segundo o apresentador, o recuo em relação pesquisas anteriores fez com que aliados ficassem em silêncio. “Agora que saí com 12 pontos, ninguém, nem do partido, me ligou, sem ser o presidente e o Aécio”, se referindo ao deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). “Um silêncio ensurdecedor”, disse.

O apresentador disse ainda que, após o resultado, consultou os tucanos para saber se queriam “tomar outro caminho”, mas os correligionários insistiram em seu nome para seguir no pleito.