‘Data center não é vilão e pode ser motor social’, diz Elea

RIO DE JANEIRO, 18 JUL (ANSA) – Em meio às discussões sobre regulação e segurança da inteligência artificial (IA), o Brasil pode exercer um papel de liderança global no setor, em um cenário no qual os data centers, antes vistos como ameaça ambiental, estão prontos para ser “motores de desenvolvimento” a partir do uso de energia limpa.   

A avaliação é de Gustavo Pereira, diretor de tecnologia da Elea Data Centers e que participou nesta sexta-feira (18) do evento CPDP Latam, no Rio de Janeiro.   

“O data center não precisa ser o vilão da história. Muito pelo contrário: ele pode ser um motor de desenvolvimento social, geração de empregos, pesquisa e inovação. O que estamos fazendo é transformar algo que antes era visto como uma ameaça ambiental em motivo de orgulho”, afirmou o executivo, acrescentando que a nova geração de centros de dados no Brasil está “ligada à matriz energética mais limpa do mundo”.   

“A energia está sendo gerada e, se não for usada de forma inteligente, será desperdiçada. Nosso papel é utilizar esse potencial de maneira consciente e produtiva”, declarou Pereira.   

A Elea lidera o projeto Rio AI City, que transformará o Parque Olímpico em um polo tecnológico e deve gerar mais de 10 mil empregos diretos, posicionando a cidade como capital digital da América Latina. Além de metas ambientais ambiciosas, como operar com emissão zero e uso mínimo de água, o projeto também busca criar impacto positivo nas comunidades do entorno.   

“Os investimentos em IA vão acontecer. A diferença está em como, onde e com que responsabilidade eles serão feitos. O que estamos propondo é um caminho onde o Brasil lidera – e não apenas acompanha”, salientou o diretor de tecnologia.   

Segundo Pereira, os data centers devem ser vistos como “magnetos de investimentos e qualidade de vida”, com potencial de “impulsionar startups, atrair centros de pesquisa e gerar empregos qualificados”. “Isso é possível quando a operação é pensada com responsabilidade ambiental e compromisso social”, disse.   

A diversidade também faz parte da estratégia. Segundo o executivo, a Elea tem um compromisso público de ampliar a presença feminina em cargos de liderança e fomentar a multidisciplinaridade no setor. “Tecnologia é política, é cultura, é representação. Temos orgulho de ser uma empresa brasileira com ambição global, que valoriza diferentes vozes e saberes. Por que não levar isso para dentro dos data centers?”, questionou.   

O debate no CPDP Latam contou ainda com representantes da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), da Unicamp e de órgãos de regulação do Uruguai e da Argentina, reforçando a urgência de integrar segurança, ética e infraestrutura. “Não se deve operar IA em ambientes que não estejam preparados para proteger dados de forma rigorosa. A segurança começa no chão onde os dados são hospedados”, destacou Pereira. (ANSA).