A equipe de produção de um longa-metragem sobre Jair Bolsonaro, que segue em prisão preventiva desde último sábado, 22, já trabalha ativamente no projeto previsto para estrear nos cinemas em 2026. A obra, intitulada ‘Dark Horse’ (traduzida livremente como O Azarão), pretende revisitar os acontecimentos da campanha presidencial de 2018, com ênfase no ataque a faca sofrido pelo então candidato.
O papel de Bolsonaro ficará a cargo do norte-americano Jim Caviezel, famoso por interpretar Jesus Cristo em ‘A Paixão de Cristo’ e por suas posições antivacina e alinhamento a teorias conspiratórias envolvendo uma suposta “elite global”. O ator já protagonizou polêmicas durante o lançamento de Som da Liberdade e manifestou apoio público a narrativas associadas ao movimento QAnon.
Jim Caviezel e Bolsonaro
O elenco também conta com o mexicano Marcus Ornellas na pele de Flávio Bolsonaro; o brasileiro Sérgio Barreto interpretando Carlos Bolsonaro; e o norte-americano Eddie Finlay como Eduardo Bolsonaro. As atrizes escaladas para viver Michelle e Laura Bolsonaro ainda não foram oficialmente reveladas.
As filmagens começaram em 20 de novembro deste ano. A narrativa deve apresentar uma leitura mais idealizada da trajetória do ex-presidente, incluindo passagens ambientadas na década de 1980, quando Bolsonaro integrava o Exército e atuava em operações de combate ao tráfico de drogas.
A produção deve retratar o político como alvo de articulações envolvendo grupos de esquerda e organizações criminosas. Além do atentado cometido por Adélio Bispo — que no filme recebe o nome de Aurélio Barba —, o roteiro prevê cenas sobre outras tentativas de ataque que teriam ocorrido durante sua recuperação. A história também deve incluir um embate entre Bolsonaro e um traficante influente que, segundo a narrativa, ele teria ajudado a prender enquanto ainda servia às Forças Armadas.
Combinando fatos reais e elementos ficcionais, o longa dirigido por Cyrus Nowrasteh pretende mostrar o ex-capitão enfrentando diversos “conspiradores” empenhados em assassiná-lo, apoiando-se tanto em relatos do próprio Bolsonaro quanto em versões difundidas entre seus apoiadores.
O texto do filme é de responsabilidade de Mario Frias, ex-ator, deputado estadual pelo PL de São Paulo e ex-secretário da Cultura durante o governo Bolsonaro.
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O diretor norte-americano à frente do projeto
A direção ficará a cargo de Cyrus Nowrasteh, cineasta do Colorado conhecido por produções com forte apelo político e religioso. Entre seus trabalhos mais famosos estão O Apedrejamento de Soraya M. (2008), O Jovem Messias (2016) e Sequestro Internacional (2019), este último estrelado justamente por Caviezel.
A parceria prévia entre os dois alimentou especulações desde agosto, quando perfis de direita no X divulgaram que Caviezel interpretaria Bolsonaro. Mesmo com a produção mantendo discrição, o ator ainda não confirmou publicamente sua participação.
Nowrasteh tem comentado pouco sobre o projeto. Recentemente, respondeu a uma seguidora no X informando que está “gravando na América Latina”. Em maio, publicou imagens de uma viagem de pesquisa por áreas na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A relação do diretor com o Brasil não é inédita: na década de 1990, ele assinou o roteiro de Jenipapo (1995), dirigido por Monique Gardenberg e estrelado por Henry Czerny, Júlia Lemmertz, Marília Pêra e Otávio Augusto.
