São Paulo, 30 – A Danone Brasil negou, na terça-feira, 29, ter interrompido a compra de soja brasileira, após forte reação do setor produtivo e do governo brasileiro às declarações do diretor Financeiro da empresa, Jurgen Esser. Na nota, assinada pelo presidente da Danone Brasil, Tiago Santos, e pelo vice-presidente de Assuntos Jurídicos e Corporativos, Camilo Wittica, a empresa reafirma que a soja brasileira “é um insumo essencial” e continua sendo adquirida em conformidade com regulamentações locais e internacionais.

A polêmica teve início quando Esser afirmou à agência de notícias Reuters que a companhia havia suspendido as compras da oleaginosa brasileira, optando por fornecedores asiáticos em antecipação à nova legislação de combate ao desmatamento da União Europeia, prevista para entrar em vigor em janeiro de 2025.

Em resposta à declaração inicial da Danone, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) anunciou a possibilidade de um boicote aos produtos da multinacional francesa no mercado brasileiro. A entidade classificou a suposta decisão como um “ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania” e defendeu que os produtores brasileiros são “os únicos no mundo que preservam o meio ambiente para o Brasil e para a humanidade.”

O Ministério da Agricultura se manifestou mais cedo, afirmando que o Brasil não aceitará “restrições desproporcionais a produtos brasileiros” e criticando posturas que considera “intempestivas e descabidas” por parte de empresas europeias. A pasta destacou que o país atinge “altos padrões” de sustentabilidade e mantém “compromisso com comércio justo e ambientalmente responsável”.

A Danone Brasil, que atua no país há mais de 50 anos, destacou em sua nota que mantém processos de verificação para garantir que a soja adquirida seja proveniente de áreas não desmatadas e com rastreabilidade, através de sua Central de Compras. A empresa também ressaltou seus investimentos em ações que priorizam o desenvolvimento de grandes e pequenos produtores locais.

O episódio ocorre em meio às discussões sobre o Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), que deve impor novas exigências para importação de commodities como a soja. O governo brasileiro já solicitou à União Europeia o adiamento da implementação dessa legislação e mantém diálogo para alinhamento das práticas regulatórias.