Ricardo Lewandowski jamais se importou em ‘votar sozinho’ ou mesmo ‘passar vergonha’ em nome da defesa intransigente de Lula e do PT. Não raro, aliás, protagonizou vexatórios bate-bocas com seus colegas de Corte, que insistiam em condenar corruptos e lavadores de dinheiro do mundo político-empresarial.

Seus votos contumazes a favor da cleptocracia lulopetista vêm desde o mensalão. Meu xará, inclusive, chegou, ao lado de Renan Calheiros, a rasgar a Constituição Federal, ao vivo e em cores, durante o processo de impeachment de dona Dilma Rousseff, quando preservou seus direitos políticos sem amparo legal.

Indicado ao Supremo pelo meliante de São Bernardo, por causa da amizade com a família de Marisa Letícia, Ricardo jamais decepcionou ou deixou de estender a toga amiga a quem lhe confiou o cargo. E antes que queiram ‘me prender’ por minha singela opinião, um aviso: não o considero desonesto, apenas, digamos, influenciável.

Kássio Nunes Marques promete ser o Lewandowski do bolsonarismo. Desde que assumiu, indicado pelo verdugo do Planalto, jamais contrariou os interesses do ‘mito’, e vem votando sistematicamente de forma alinhada aos anseios e desejos do patriarca das rachadinhas e das mansões milionárias à preços de banana podre.

Até mesmo em relação à Lava Jato, o fiel afilhado do amigão do Queiroz não decepcionou a malta bolsonarista, e enterrou de vez a Operação, ao lado de outro nomeado por Bolsonaro, o PGR Augusto Aras. Nunes Marques vem repetindo, portanto, a mesma lógica do colega Ricardo Lewandowski, apenas com o ‘sinal trocado’.

No julgamento desta tarde-noite de quarta-feira (20/4), que condenou o arruaceiro golpista, travestido de deputado bolsonarista, o brutamontes Daniel Silveira, que queria espancar os ministros do STF, além de fechar a Corte e prendê-los, Kássio com K foi o único a absolver o criminoso, alegando que tudo se tratou de, pasmem!, bravatas.

Sim, o togado, alinhado a Bolsonaro e sua turma, considerou as graves ameaças – físicas e institucionais – brincadeirinha juvenil. Por quê? Bem, só ele pode dizer, já que os vídeos e os áudios, reiterados e em tempos distintos, não autorizam qualquer dúvida sobre a gravidade e a realidade criminosa dos fatos julgados pelo Supremo.

Vencido por 10 a 1, Marques agradou a Bolsonaro, mas se tornou uma espécie de ‘carta marcada’ no STF. Seus colegas agora sabem do que é capaz. Já para o azar de Silveira – condenado a mais de 8 anos de prisão, com perda do mandato e suspensão dos direitos políticos -, e sorte do Brasil, há apenas um Kássio com K, ainda que na companhia de um Gilmar com G e um Ricardo com R, dentre outros.