Daniel Borges é um dos protagonistas da provável maior mudança tática que Enderson Moreira fez desde que chegou no Botafogo. Antes marcado por ser ofensivo, o lateral-direito, agora, se junta aos zagueiros na saída de bola, forma uma linha de três atletas e auxilia na criação de jogadas do campo defensivo.

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Com Marcelo Chamusca, antigo treinador, o Botafogo também se comportava com uma linha de três, mas era o primeiro volante – seja Barreto, Pedro Castro ou Luís Oyama – que se juntava aos zagueiros para auxiliar na saída de bola. O time, que antes mostrava dificuldades, evoluiu neste aspecto com a presença de Daniel Borges na base da jogada.

– Meu pai me viu posicionado mais atrás depois do primeiro jogo que fizemos e estranhou. Sou um jogador que procura entender os sistemas que a gente joga. Quando o Enderson pediu para fazer a saída de três como um terceiro zagueiro, no começo não foi tão fácil para entender. Conforme fomos praticando acabou melhorando muito não só para mim, mas pra toda equipe. Dá mais liberdade para o lateral na esquerda, e Marco Antônio ou Warley na direita. É um suporte defensivo para que eles desempenhem melhor o papel ofensivo – explicou Daniel, em entrevista exclusiva ao LANCE!.

Posicionamento Daniel Borges - Botafogo

Saída de bola do Botafogo (Foto: Lineup Builder)

A formação inicial do Botafogo é um 4-2-3-1, com Carlinhos (ou Jonathan Silva) sendo o lateral-esquerdo, Warley o jogador ofensivo pelo lado direito e Barreto e Pedro Castro como a dupla de volantes. O defensor avança, chegando como um ala no campo ofensivo, enquanto Daniel fecha como terceiro zagueiro.

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O posicionamento, em um primeiro momento, até foi estranho para o defensor. Com os resultados positivos chegando, porém, ele deixou qualquer tipo de vaidade para trás.

– Gosto muito de participar do ataque, estar na linha ofensiva, mas procuro sempre analisar o contexto geral da formação que o treinador usa. Para ser sincero, não ligo muito de fazer gols ou dar assistências, só quero que o time vença. O que o treinador pedir para fazer eu faço. Já sabia que era muito difícil de marcar os times do Enderson só de jogar contra. Quando ele pediu para fazer essa saída de três eu aceitei numa boa. Prefiro que o time esteja ganhando do que fazer gol ou dar assistência. Se a maneira que achamos para encontrar as vitórias foi esse, eu vou acatar. Estou me sentindo bem, em um momento bom na carreira e fazendo as minhas melhores partidas nessa formação – declarou.

Daniel garante que o bom momento vivido pelo Botafogo na Série B do Brasileirão não tem apenas dedo de Enderson Moreira. O lateral-direito afirmou que o clube como um todo está focado no sonho do acesso.

– Todos os setores do clube têm um trabalho integrado bem bacana, desde a nutrição ao segurança. O melhor de tudo é que todos aceitam aquilo que é passado, nós sabemos que é para o nosso bem. Temos que estar juntos para conseguir os objetivos. O pessoal da fisiologia faz reuniões conosco para tratar questões desde hidratação ao sono, isso ajuda a trabalhar melhor – elogiou.

Daniel Borges

Daniel chegou ao Botafogo no início da temporada (Foto: Vítor Silva)

MAIS DECLARAÇÕES DE DANIEL BORGES:

Momento do elenco
– Chegamos em uma maturidade muito boa. Passamos por um momento difícil, então temos que valorizar o momento bom. Estamos conseguindo balancear o momento de brincar com a parte que precisa se concentrar. No dia de jogo, é pura concentração da rapaziada, silêncio total só com música de fundo. Aí você entende porque está todo mundo focado e, mais importante, todo mundo sonhando com esse acesso.

Reencontro com Chamusca contra o Náutico
– O Chamusca é um cara sensacional. Tem qualidade e competência e foi ele que montou esse time. Ele conhece as características do elenco, então teremos que fazer um algo a mais para ganhar a partida, porque com certeza ele vai tentar explorar as nossas dificuldades e tentar anular as nossas qualidades. Teremos que fazer algo diferente para passar pelo Náutico.

Pretende ficar no Botafogo?
– Como estou emprestado, não depende só de mim. Tem o Mirassol (clube que detém os direitos econômicos) e também o Botafogo tem que querer. Tenho meus planos e sonhos, me adaptei muito a esse clube, estou me sentindo muito bem aqui. Se for da vontade do Botafogo eu não vou nem pensar duas vezes em falar sim para ficar. Estou com a cabeça tranquila, pensando jogo a jogo e isso aí só o tempo vai poder dizer.