Desde que deixou o Paris Saint-Germain, em 2019, Daniel Alves passa por altos e baixos em sua carreira. Atualmente no Pumas do México, o lateral-direito foi preso nesta sexta-feira enquanto prestava depoimento à polícia espanhola por um suposto caso de abuso sexual ocorrido no dia 30 de dezembro, em Barcelona. A Justiça espanhola decretou sua prisão preventiva. Ele nega a acusação.

Os últimos quatro anos da carreira de Daniel Alves não fazem jus à última década, quando dominou a lateral-direita do Barcelona, foi eleito múltiplas vezes o melhor jogador da posição, capitão da seleção brasileira e se tornou o atleta, do futebol, com mais títulos oficiais, por clube e seleção, na história (43). Revelado pelo Bahia, Daniel Alves consolidou sua carreira no futebol europeu ainda jovem, quando se transferiu para o Sevilla, em 2003.

Em 2008, foi comprado pelo Barcelona por 35,5 milhões de euros. No clube, ao lado de Messi, Xavi, Iniesta e o elenco estrelado comandado por Pep Guardiola, se colocou como o principal lateral-direito do mundo. Na Espanha, conquistou 28 títulos, somando suas passagens pelo Sevilla e Barcelona: Liga dos Campeões, Liga Europa, Supercopa da Europa, Campeonato Espanhol, Copa do Rei, entre outros.

Ao final de seu contrato, em 2016, rumou à Itália, para defender a Juventus. Após uma temporada, se transferiu para o PSG, onde reeditou a parceria com Neymar. Nessas duas passagens, ele conquistou sete títulos, como o Campeonato Italiano e o Francês, e chegou à final da Liga dos Campeões com a Juventus, na temporada 2016/2017.

SÃO PAULO

Torcedor assumido do São Paulo, Daniel Alves surpreendeu, em 2019, quando deixou o PSG para defender o tricolor paulista. Sem clube após deixar a França, o lateral foi convencido pelo projeto oferecido a ele no Brasil, que tinha como objetivo colocá-lo na Copa do Mundo do Catar, em 2022. Na Rússia, um ano antes, o jogador foi cortado da lista final de Tite por conta de uma lesão.

Apresentado oficialmente no Morumbi para mais de 40 mil torcedores, Daniel Alves se mostrava confiante e emocionado por retornar ao seu País. “Não deixem de acreditar em seus sonhos porque eles são possíveis. Agora, depois de ter rodado o mundo, é o primeiro clube que visto a camisa e sou torcedor. É uma emoção receber esse manto, e o momento chegou”, afirmou, na ocasião. Com a camisa 10, Dani tinha como objetivo deixar a lateral-direita e atuar como um meia pelo São Paulo. Na sua estreia, diante do Ceará, marcou o único gol da vitória.

Entre 2019 e 2021, diversos episódios marcaram a passagem de Daniel Alves pelo São Paulo. Ainda em seu primeiro ano, foi um dos jogadores que defendeu, junto à diretoria, a contratação de Fernando Diniz para assumir o comando da equipe. Além disso, se tornou capitão no período que esteve no São Paulo – passou a faixa para Miranda, quando o zagueiro retornou ao Morumbi, em 2021.

Pelo lado positivo, ele conseguiu atingir seu objetivo no Brasil: ser campeão pelo clube de coração. Em seu último ano no São Paulo, com Hernán Crespo como técnico, ajudou a equipe a encerrar um jejum de nove anos sem título após conquistar o Campeonato Paulista, diante do Palmeiras. Mesmo sem atuar na decisão, esteve presente na festa do título, em campo.

O desgaste entre São Paulo e Daniel Alves se iniciou em seu último ano, quando deixou o clube, que sofria com maus resultados no Campeonato Brasileiro, para defender a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Aos 38 anos, o lateral-direito foi um dos três jogadores acima dos 23 anos convocados por André Jardine para a disputa. Capitão da equipe, recebeu o apelido de “Vovô Olímpico” nas redes sociais, por conta de ter uma idade muito mais avançada quando comparado à de seus companheiros.

Após conquistar a medalha de ouro olímpica, algo que tratava como um de seus sonhos na carreira – o jogador inclusive fez uma tatuagem em alusão aos Jogos Olímpicos -, Daniel Alves se recusou a retornar ao São Paulo. O clube anunciou, por meio de suas redes sociais que, devido a uma dívida de R$ 11 milhões com o atleta, o lateral-direito não fazia mais parte do elenco são-paulino.

“Fomos comunicados pelos representantes que o Daniel Alves não retornará ao São Paulo até o ajuste da dívida financeira que o São Paulo tem com o atleta. Dívida essa que o São Paulo reconhece e na última semana fez uma proposta buscando o acerto, que não foi aceita pelos representantes. A negociação seguirá com o departamento jurídico e financeiro”, afirmou o diretor de futebol Carlos Belmonte, em vídeo divulgado pelo clube à época.

“Do ponto de vista do departamento de futebol, nós comunicamos, tomamos a decisão e comunicamos ao Hernán Crespo que Daniel Alves não estará mais à disposição para atuar no time do São Paulo. O São Paulo é mais importante do que todos nós”, completou. O São Paulo chegou a tentar um acordo, para continuar com o atleta em seu elenco, mas não obteve sucesso. Ao final, o São Paulo concordou com a rescisão do contrato e com o pagamento de 60 parcelas, ao longo de cinco anos, no valor de R$ 400 mil cada.

BARCELONA

Livre no mercado, Daniel Alves voltou ao Barcelona por uma temporada. Treinando no clube desde que deixou o Brasil, ele foi um dos primeiro reforços de Xavi, ex-companheiro de equipe em sua primeira passagem, como treinador. Podendo atuar somente a partir de janeiro de 2022, Dani pouco atuou no Barcelona na primeira metade de 2022.

O lateral-direito reestreou no Camp Nou, estádio do Barcelona, em duelo com o Atlético de Madrid, em janeiro. Na ocasião, marcou um dos gols da vitória por 4 a 2 e foi expulso, no segundo tempo, após um pisão em Yannick Carrasco.

O contrato, com validade até o final da temporada de 2021/2022, não tinha cláusula de renovação automática e o jogador deveria negociar com o clube. Ao final, Barcelona e Daniel Alves chegaram a um comum acordo que o deixou livre no mercado para a temporada seguinte.

PUMAS E COPA DO MUNDO

Sem clube, Daniel Alves acertou, em julho de 2022, sua ida para o Pumas, do México. Assim como quando chegou ao São Paulo, em 2019, o planejamento do atleta tinha como objetivo a convocação para a Copa do Mundo do Catar. Desde que foi contratado, atuou em 13 jogos, com cinco assistências.

Enquanto estava como o futuro indefinido, Dani Alves chegou a fazer uma publicação nas redes sociais dizendo que era visto como “velho e desacreditado” no futebol, mas afirmou que estava convicto em dar continuidade à carreira. Ao final, o lateral atingiu seu objetivo: em novembro, Tite anunciou que o jogador estaria na lista dos 26 convocados pela seleção brasileira para o Catar, como reserva de Danilo na lateral.

Jogador mais velho do elenco, Daniel Alves foi o jogador mais criticado após a convocação de Tite. Durante o Mundial, Danilo, titular da posição, ficou fora do jogo contra a Suíça e Alex Sandro, na lateral-esquerda, não atuou contra Coreia do Sul e Croácia. Apesar de ser o único jogador da posição disponível, Tite optou por improvisar Éder Militão.

Contra Camarões, na última rodada da fase de grupos, Daniel Alves jogou seu único jogo pelo Mundial e foi colocado como capitão da seleção, já que Tite estava poupando os titulares. “Estou a serviço da seleção brasileira. Se tiver que tocar pandeiro, vou ser o melhor pandeirista que você já viu na sua vida”, declarou o jogador, o atleta mais velho a atuar pela seleção em Copas do Mundo, superando Thiago Silva. O Brasil perdeu o jogo por 1 a 0, mas se classificou em primeiro lugar do grupo.