O ex-primeiro-ministro italiano Massimo D’Alema e o ex-governador do Distrito Federal do México Cuauhtémoc Cárdenas visitaram nesta quinta-feira Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Polícia Federal em Curitiba.

“Encontrei Lula como o encontrei anos atrás no Planalto quando era presidente, com o mesmo espírito, o mesmo valor e a mesma vontade de servir ao povo brasileiro”, disse D’Alema na entrada da sede da Polícia Federal, onde o ex-presidente cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

“O encontramos com o mesmo espírito combativo de sempre e isto nos faz sair com otimismo”, declarou Cárdenas, um líder histórico da esquerda mexicana.

Os dois políticos qualificaram de “injustiça” a atual situação de Lula, condenado no caso do triplex no Guarujá recebido em troca de favores ao grupo OAS envolvendo a Petrobras.

Cárdenas e D’Alema participaram na sexta-feira, em São Paulo, do seminário “Ameaças à democracia e à ordem multipolar”, organizado pela Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores (PT), com a presença de figuras como o linguista americano Noam Chomsky, o ex-secretário da Anistia Internacional Pierre Sané, o ex-presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e o ex-premier francês Dominique de Villepin.

A proposta do seminário partiu de De Villepin, revelou nesta quinta-feira o ex-chanceler Celso Amorim.

Em entrevista coletiva, Amorim e De Villepin citaram o pronunciamento do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) defendendo a presença de Lula na corrida eleitoral.

Para Amorim, é “chocante” que a justiça brasileira não acate tal pronunciamento. O comitê dos Direitos Humanos da ONU “foi tratado como um ‘comitezinho’ sem importância…”.

De Villepin avaliou que o acatamento da orientação do Comitê teria permitido “uma campanha eleitoral e um debate mais aberto, principalmente considerando que o ex-presidente Lula tem amplo percentual de intenção de voto”.