A primeira capa de livro brasileiro ilustrada foi da brochura “Vidas e Feitos do Dr. Semana”, do humorista Castro Lopes, publicada em 1870. A capa com caricatura de Henrique Fleuiss não ajudou a vender o livro. Os leitores da época a consideraram de mau gosto. As capas ilustradas só cairiam no gosto do público e se consolidaram no início do século 20. O fato é revelado em “A Capa do Livro Brasileiro (1820-1950)”, do historiador e bibliófilo Ubiratan Machado, lançamento da Ateliê Editorial e editora Sesi-SP.

É um livro de arte — de 28×30 cm, com capa dura e 1.747 reproduções coloridas distribuídas em 662 páginas –— que mostra como as capas se alteram em 130 anos de história. “As capas refletem mudanças sociais, artísticas e tecnológicas, além dos modismos literários”, diz Machado. Ele conta que levou quatro anos para levantar o material. A maior parte dele provém de sua coleção particular, de 22 mil exemplares, além de bibliotecas de amigos e bibliotecas e arquivos públicos. Machado não pretende fazer um segundo volume, de 1950 até hoje: “Com uma média de 30 mil livros lançados anualmente, a pesquisa só poderia ser feita em equipe”.