O lateral-esquerdo Patryck, de 17 anos, tem chamado a atenção dentro e fora de campo em sua trajetória no São Paulo. Frequentemente convocado para seleções de base e relacionado uma vez por Fernando Diniz, para o jogo contra o CSA, na última rodada do Brasileirão de 2019, ele tem mostrado uma preocupação com o futuro que vai além das quatro linhas.

Por iniciativa própria, o garoto passou a ter recentemente o acompanhamento de um nutricionista e tem feito um trabalho de desenvolvimento da musculatura com Thiago Franco, preparador físico voltado para alta performance. Além disso, foi apresentado pela Un1que Football, empresa que gerencia sua carreira, a uma consultoria financeira focada em gestão de patrimônio.

– Eu e minha família achamos isso (acompanhamento financeiro) muito interessante, cuidamos muito bem das nossas coisas para ter um futuro positivo. O que está nos planos agora é comprar meu primeiro carro. Também estou tendo uma evolução no meu porte físico e na minha recuperação. Percebo que essa evolução está cada vez melhor e isso facilita muito dentro de campo – explica o garoto, que participou da Copinha deste ano e vivia a expectativa de ser promovido à equipe sub-20 antes da pandemia.

Leandro Canevazzi, CEO da Zunar, empresa que está prestando consultoria a Patryck e a outros 12 jogadores, diz que ele “foge à regra do jogador de futebol”.

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– As provocações do Patryck comigo na reunião presencial realmente não foram normais para um atleta de futebol. O foco dele é comprar o carro dele, mas ele ainda não tem idade para ter o carro e nem para iniciar o processo de habilitação. O legal foi a discussão sobre qual carro, eu levei para ele algumas visões que ele não tinha. Ele tinha citado um carro conversível, mas eu expliquei para ele que no momento esse carro não o atende. O carro para ele neste momento da carreira é mais uma questão de segurança do que de status. Ele absorveu a informação e já desistiu daquele carro que ele tinha pedido inicialmente, entendendo toda a questão. É um menino que escuta muito, talvez o grande ponto que surpreendeu, além da idade, é ele perguntar e escutar – contou Leandro.

– Me surpreendi também por ele saber o valor das contas que o pai paga na casa. Eu perguntei para ele se ele já tinha pago alguma conta da casa, ele disse que não, mas que gosta de entender se o consumo aumentou, se reduziu, se precisa pensar em alguma forma de economia. Ou seja, aos 17 anos, ele pensa anos na frente, em coisas que em tese não precisaria. Um atleta que já está preocupado com o futuro nessa idade dificilmente não vai conseguir manter o padrão de vida quando parar de jogar. Ele pode até elevar esse padrão. É muito comum a gente ver o jogador vivendo com uma qualidade de vida elevada e, quando para, não consegue manter por muitos anos. O nosso trabalho é mostrar isso para eles em número, mostrar quanto rende o dinheiro, o quanto é importante cuidar do dinheiro – emendou.

Como está atendendo a uma porção de atletas que têm a carreira gerenciada pela Un1que, Leandro tem sido apresentado a diferentes realidades. A de Patryck, segundo ele, é a mais surpreendente.

– O Nick (Arcuri, empresário) tinha uma necessidade de ter uma empresa para oferecer gestão de patrimônio para os atletas dele. Ele fez um piloto, um teste na vida pessoal dele, e deu muito certo. A gente mudou muitas coisas na vida dele. Com esse teste, ele me abriu dois jogadores inicialmente: um com recurso financeiro bem elevado e outro com dificuldade, apesar de já ter tido bons contratos. A gente conseguiu provar que dava para fazer um bom trabalho nessas duas situações. Depois de um ano, a gente abriu para outros jogadores indicados por eles. São 13 atletas, e o que surpreendeu foi justamente o Patryck. Veio dele essa vontade de querer entender de futuro, de planejamento financeiro. Mesmo muito jovem, mesmo sem estar ainda na equipe profissional, ele já está preocupado com o que já guardou e com o que pode fazer para não ter problema lá na frente.

Patryck está no São Paulo desde 2016, quando tinha 13 anos, e foi campeão estadual com o sub-15 em 2018 e com o sub-17 em 2019. Em maio do ano passado, ele assinou seu primeiro contrato profissional com o Tricolor, ao qual está vinculado até o meio de 2023. Ele foi titular da Seleção Brasileira sub-17 no último Sul-Americano da categoria (a equipe parou na fase de grupos) e no título mundial do ano passado. O foco agora é o sub-20 e ter mais chances na equipe de cima.


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