A presidente da Caixa, Rita Serrano, afirmou nesta quarta-feira, 26, que a participação do banco no piloto do real digital, a CBDC (sigla em inglês para Moeda Digital do Banco Central) brasileira, visa a contribuir para colocar o Brasil na linha de frente da digitalização financeira, mas também foca na inclusão social.

“Dá para pensar em pagar benefícios sociais com moeda tokenizada no futuro”, disse no lançamento oficial do consórcio com a Elo e a Microsoft para participar do piloto do real digital, uma iniciativa do Banco Central. A presidente acrescentou que há muitas oportunidades no crédito imobiliário. “Financiamento habitacional demora, em média, 25 dias até chegar o registro em cartório. Tem condições de agilizar e melhorar o atendimento.”

Segundo Serrano, o banco tem uma vantagem nos testes do real digital que é a grande capilaridade pelos municípios brasileiros. “A Caixa está em 99% dos municípios brasileiros. Tem 155 milhões de clientes. É um grande celeiro para testar soluções”, disse a presidente.

O vice-presidente de Serviços Financeiros da Microsoft Brasil, Júlio Gomes, disse que, atualmente, o projeto está em fase de desenvolvimento de sistemas para que possa ser acoplado à plataforma que o BC criou para os testes.

“A partir daí, os times também estão trabalhando nos produtos que vão ser criados em cima dessa rede. Tem a soluções mais tradicionais, como tokenizar alguns ativos para reduzir fricções e custos no sistema financeiro, mas tem soluções fora da caixa”, disse, reforçando que o consórcio pretende ir além das diretrizes obrigatórias do piloto coordenado pelo regulador.

Inovação radical

À frente do projeto na Caixa, o vice-presidente de Controladoria e Finanças, Marcos Brasiliano, afirmou que o projeto do real digital deve provocar uma inovação radical das transações financeiras, ao contrário de outras agendas tecnológicas, como o Pix, que melhoraram operações que já existiam. “O real digital, quando lançado, vai romper com o modelo tradicional”, disse na cerimônia.

O piloto da CBDC brasileira começou em março e, atualmente, os consórcios selecionados pelo BC estão em fase de desenvolvimento de sistemas para dar início de fato aos testes, previsto para setembro.

Nessa primeira etapa, o BC vai focar na segurança da plataforma nas operações entre o real digital e os depósitos tokenizados das instituições financeiras, que vão possibilitar o acesso da população a transações com contratos inteligentes, por exemplo. A CBDC só vai circular no atacado, entre o BC e seus regulados. Em fevereiro do ano que vem, serão iniciados os testes com títulos do Tesouro Nacional.