Para os leitores acostumados a best-sellers não é nenhuma novidade ver nomes como Nora Roberts ou Danielle Steel na lista dos autores mais vendidos. Afinal, as duas septuagenárias já venderam juntas mais de um bilhão de exemplares em todo o mundo. De tempos em tempos, porém, um novo nome surge para desbancar as veteranas. Foi assim com J.K. Rowling, a “mãe” de Harry Potter, nos anos 2000. Ao contrário dessas bem sucedidas escritoras, que começaram da maneira tradicional, publicando livros impressos, o mais novo fenômeno editorial veio da internet: ela é Colleen Hoover, uma dona de casa de 42 anos, nascida no Texas, com três filhos.

“Não gosto de ser pressionada. Na minha carreira, as decisões mudam de livro para livro e não são racionais” Colleen Hoover, escritora

Há dez anos, quando escreveu Métrica, história de uma adolescente que busca superar a morte do pai, ela não tinha sequer uma editora. Seu primeiro manuscrito foi publicado de maneira independente e apenas online, sem pretensão alguma. A ideia veio por sugestão dos amigos e da família – Colleen não conhecia ninguém no mercado editorial. Ao cair no gosto dos internautas, a obra viralizou. O boca a boca virtual foi tão positivo que o livro chegou ao topo da lista de mais vendidos do jornal The New York Times – fato inédito para uma publicação independente de uma estreante desconhecida. Começava ali uma das carreiras mais meteóricas da história do universo da ficção.

O sucesso de Colleen Hoover chegou ao mundo real após sua fama explodir na internet, principalmente em redes sociais voltadas para jovens, como a chinesa TikTok. Os vídeos em homenagem a seus livros já ultrpassaram os 400 milhões de visualizações na plataforma. Na Goodreads, rede social dedicada às dicas literárias, ela tem meio milhão de seguidores – é a autora com o maior número de fãs, superando a própria J.K. Rowling. No Facebook há comunidades em torno de cada um de seus livros: a que discute Verity chegou a 25 mil seguidores.

Mas por que as histórias de Colleen Hoover atraem tantos leitores? Em primeiro lugar, suas protagonistas são quase sempre mulheres entre 18 e 26 anos, faixa chamada de “jovens adultas”. Essa geração não era contemplada de maneira adequada pelo mercado editorial – vale observar que a média de idade dos usuários do TikTok é a mesma dos personagens de Colleen.

Outra sacada da autora foi não concentrar todas as fichas em único gênero, mas diluir suas tramas entre diversos estilos bem diferentes. Em um mesmo livro, ela costuma apresentar elementos de suspense, mistério e até paranormalidade, tendo como pano de fundo os tradicionais enredos de amor. Colleen também segue uma lógica única no mercado editorial, alternando a publicação de obras independentes e lançamentos promovidos por grandes editoras. “Não gosto de ser pressionada”, admite a escritora. “Na minha carreira, as decisões mudam de livro para livro e não são racionais.”

Sua produção também é fora dos padrões. Em vez de manter uma rotina diária ou semanal, como é comum para autores de best-sellers tão bem sucedidos, a autora só senta para trabalhar quando tem vontade. Isso significa que ela pode passar meses sem escrever uma linha, e então decide dedicar 16 horas por dia durante algumas semanas. Em seu contrato mais recente, optou por não incluir nenhum tipo de prazo ou exigência por obras novas. “As pessoas acham que sou muito dispersa, mas é porque vivo dentro da minha cabeça. As ideias para livros são muito organizadas, mas minha vida real é caótica. Eu coloco toda a energia na minha imaginação”. Os seus leitores têm aprovado.

Campeãs de audiência

Danielle Steel A nova-iorquina gosta mesmo de histórias de amor: ela está prestes a se casar pela quinta vez. Publicou 179 livros em quase meio século de carreira e vendeu cerca de 600 milhões de cópias. Ao todo, tem 22 obras adaptadas para o cinema.

Nora Roberts Com 400 milhões de cópias vendidas, sua fortuna está avaliada em US$ 340 milhões. A primeira mulher a entrar no “Hall da Fama dos Escritores Românticos” publicou mais de 200 títulos e ficou 861 semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times.