Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) -A CVC tem como prioridade na gestão da estrutura de capital o alongamento de sua dívida bruta, que têm a maior parte dos vencimentos concentrados em 2023, disse o diretor financeiro da companhia nesta quarta-feira, em meio a questionamentos no mercado sobre potencial necessidade de novo aumento de capital pelo grupo de turismo.

Dos cerca de 1 bilhão de reais de dívida bruta da companhia, incluindo contas a pagar de aquisições, aproximadamente 650 milhões vencem no segundo trimestre de 2023, e mais 100 milhões incidem em cada um dos anos de 2024 e 2025, afirmou Marcelo Kopel, diretor de finanças e relações com investidores, em conferência de resultados com analistas.

“Quando estamos falando de demanda para mexer na estrutura de capital, a prioridade é endereçar essa parte do balanço (perfil da dívida), e não necessariamente fazer mais um aumento de capital”, acrescentou.

A CVC levantou 403 milhões de reais com uma oferta de ações em junho para reforçar seu capital de giro em meio ao crescimento das vendas após impacto da pandemia. Segundo o executivo, o “racional” de realizar o follow-on antes era esperar que os resultados operacionais da companhia “propiciassem um conversa mais construtiva com mercado em termos de alongamento de dívida”.

A companhia divulgou na noite da véspera queda do prejuízo do segundo trimestre ante o ano anterior, com alta de 133,5% na receita líquida.

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As ações do grupo chegaram a subir mais de 4% nesta quarta-feira, mas perderam fôlego à tarde, em especial após o início da conferência, e, por volta de 16h40, operavam em queda de 0,4%. O Ibovespa tinha alta de 1,3%.

Em sua fala final na conferência, o presidente da CVC, Leonel Andrade, voltou a abordar o que chamou de “dúvida natural (do mercado) sobre a possível necessidade de mais capital da companhia, na verdade, como esse capital vai chegar na companhia”. Ele disse ser importante que “seja numa eventualidade junto aos acionistas ou seja junto a possíveis credores, a gente tem bastante credibilidade”.

“TAKE RATE NÃO FOI BOM”

Analistas questionaram os executivos da companhia sobre a maior participação da operação na Argentina e do segmento de atacado no Brasil – prestação de serviço a outras empresas de viagem – nas reservas consumidas do grupo.

Essa dinâmica, aliada a uma recuperação nas viagens internacionais e a ajustes de preços e com fornecedores, levou a quedas no “take rate” (taxa de receita líquida gerada pelas reservas consumidas) em 0,7 ponto percentual no segundo trimestre frente a igual período de 2021 e em 2,1 pontos na base trimestral, a 7,6%.

“Apesar desse trimestre não ter sido bom, e reconheço que não foi bom…o ‘take rate’ deve continuar sendo saudável”, disse Andrade. Ele destacou que não haverá mudança na política de preços da CVC.

O presidente do grupo de turismo disse que a procura de potenciais novos franqueados vem crescendo, mas uma recuperação total da distribuição da CVC só deve ser vista em “um, dois anos”. O período de férias, entretanto, deve ajudar nas vendas do terceiro trimestre, destacou.

Com relação às vendas para operadoras de viagens e seus respectivos clientes, Andrade afirmou que a CVC foi beneficiada pelo impacto da pandemia de Covid-19 na competição, com muitas empresas tendo que terceirizar suas vendas. O B2B representou 45% das reservas consumidas do grupo no trimestre, contra 40% nos primeiros três meses do ano.

Sobre a Argentina, onde a empresa teve 25% das reservas consumidas no trimestre (contra 21% de janeiro a março), o executivo afirmou que a operação do grupo é saudável, mas que o risco-país e de crédito demandam postura mais conservadora que no Brasil.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)


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