São Paulo, 18 – Os custos de produção em Mato Grosso apresentaram trajetórias diferentes entre soja, milho e algodão, segundo estimativas semanais divulgadas pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). A soja, única com projeção anual já disponível para a safra 2026/27, registrou aumento no Custo Total (CT), enquanto milho e algodão mostraram relativa estabilidade nas variações mensais de outubro.
No caso da soja 2026/27, o CT foi estimado em R$ 8.039,49 por hectare, alta de 4,74% em relação ao ciclo 2025/26. O Custo Operacional Total (COT) deve alcançar R$ 6.517,79 por hectare, avanço de 1,84%, e o Custo Operacional Efetivo (COE) foi projetado em R$ 5.838,43 por hectare, incremento de 1,03%. Apesar da alta no desembolso total, o custeio recuou 0,54%, para R$ 4.158,80 por hectare, devido à queda expressiva no preço das sementes, de 9,04%, e no pacote de fertilizantes, especialmente macronutrientes, de 6,98%. O Imea aponta que a redução de alguns insumos incentivou aquisições antecipadas no Estado para a próxima temporada.
Para o milho 2025/26, os custos ficaram praticamente estáveis em outubro, reforçando um cenário distinto da volatilidade vista na soja. O custeio foi projetado em R$ 3.305,13 por hectare, leve queda de 0,02% no mês. O COE ficou em R$ 4.791,03 por hectare, alta de 0,03%, e o COT atingiu R$ 5.379,10 por hectare, avanço de 0,04%. Os custos de sementes, de R$ 772,27 por hectare, fertilizantes, de R$ 1.413,58 por hectare, e defensivos, de R$ 736,15 por hectare, oscilaram marginalmente, indicando estabilidade no pacote tecnológico do cereal.
O algodão 2025/26 apresentou custeio de R$ 10.780,97 por hectare, queda de 0,09% em outubro, refletindo redução na classe de fertilizantes e corretivos. Já o COE ficou em R$ 15.378,49 por hectare, e o COT em R$ 16.351,98 por hectare, ambos praticamente estáveis no comparativo mensal. Mesmo com o recuo pontual, o custeio permanece 12,41% superior ao da safra 2024/25, o segundo maior da série histórica. Considerando a produtividade média projetada pelo Imea, de 119,76 arrobas por hectare, o produtor necessita de preço mínimo de R$ 128,41 por arroba apenas para cobrir o COE.
O instituto ressalta que, no caso da fibra, a combinação entre custos historicamente elevados e preços menos atrativos pressiona as margens para a temporada que se inicia em dezembro, exigindo planejamento mais cauteloso dos cotonicultores. Já soja e milho passam por momentos distintos: enquanto a oleaginosa sente os efeitos da recomposição do custo total, o milho mantém relativa previsibilidade no avanço anual dos insumos.