Curta-metragem ‘TEIA’ estreia no Festival do Rio

Projeto é criado pela Cia de 4 - Lorena Comparato, Karina Ramil, Anita Chaves e Andrezza Abreu

Thais Berlinski
Curta "TEIA" estreia no Festival do Rio Foto: Thais Berlinski

O curta-metragem “TEIA” estreia no Festival do Rio 2025 como uma obra que une crítica social, protagonismo feminino e linguagem autoral.

Dirigido por Cláudia Castro, produzido por Clélia Bessa e com co-produção da Cia de 4 Mulheres e da Raccord Produções, o filme aborda, de forma ficcional e provocativa, a atuação dos chamados grupos de “mandalas da prosperidade”, que utilizam o discurso do sagrado feminino e do empoderamento como fachada para esquemas de pirâmide, abuso emocional e exploração financeira.

O projeto é criado e roteirizado pela Cia de 4 — coletivo formado por Lorena Comparato, Karina Ramil, Anita Chaves e Andrezza Abreu, quatro atrizes-roteiristas que desde 2011 desenvolvem obras autorais que passam pelo teatro, pelo audiovisual, pelo humor e por podcasts, por exemplo.

Em “TEIA”, elas expandem a trajetória do grupo ao mergulharem no terror psicológico e no drama social, mantendo o olhar crítico que marca seus trabalhos. Além de atuarem, as quatro assinam a criação e reforçam a potência de produções independentes feitas por mulheres.

A força coletiva também está presente na realização do filme, que conta com uma equipe majoritariamente feminina em cargos de criação, técnica e produção. O curta parte de relatos e situações inspiradas na realidade para discutir a manipulação do discurso feminista, o uso da espiritualidade como ferramenta de controle e a transformação da vulnerabilidade em lucro.

Sem apontar casos específicos, a narrativa revela contradições e dinâmicas de poder que atravessam grupos que se apresentam como espaços de acolhimento e fortalecimento, mas reproduzem estruturas patriarcais sob uma nova roupagem.

Com a exibição no Festival do Rio, “TEIA” se insere no debate contemporâneo sobre autonomia, fé, coletividade e engano, reafirmando a relevância do cinema independente feito por mulheres e a importância de trazer para a ficção temas urgentes da sociedade brasileira.