Curdos da Síria querem diálogo, mas rejeitam ‘acordos de reconciliação’ do regime

Curdos da Síria querem diálogo, mas rejeitam

As Forças Democráticas da Síria (SDF), controladas por combatentes curdos, disseram nesta sexta-feira estarem dispostas a dialogar com o regime sírio, mas rejeitaram os acordos de “reconciliação” que Damasco geralmente impõe.

Em função da guerra que começou em 2011, os curdos da Síria, uma minoria étnica que representa 15% da população, criou uma administração autônoma em importantes regiões do norte e nordeste do país. Mas Damasco não reconhece essa autonomia.

“Não vamos aceitar de forma alguma o retorno a antes de 2011”, insistiu Mazlum Kobani, chefe das SDS, coletiva organizada em Ain Issa, uma cidade no norte da Síria sob controle curdo.

“Não é possível resolver os problemas existentes e os grandes desafios da região (…) através dos acordos de reconciliação”, acrescentou.

Nos últimos meses, o presidente sírio falou de reconquistar as áreas curdas pela “força” ou então por meio de acordos chamados de “reconciliação”.

No passado, o regime de Bashar al-Assad impôs tais acordos em áreas controladas pelos rebeldes após sitiá-los e bombardeá-los.

Geralmente previam a evacuação dos combatentes e civis que queriam deixar a área e a redistribuição das instituições do Estado sírio nas áreas reconquistadas.

Analistas e ONGs compararam esses acordos a capitulações. Assim, com o apoio da Rússia e do Irã, o regime sírio acrescentou vitórias contra rebeldes e jihadistas para controlar quase dois terços do território do país.

As áreas controladas pelos curdos abrangem mais de um terço da Síria.

As FDS, apoiadas pelos Estados Unidos, combateram o Estado Islâmico no norte e leste do país.

O chefe das SDS disse que estava disposto a “dialogar com o regime sírio” para alcançar uma “solução global”.

“Uma solução real não pode emergir sem o reconhecimento pleno e constitucional dos direitos do povo curdo e da legitimidade da administração autônoma”, disse ele.

Os curdos começaram a negociar com o regime no meio do ano passado para definir o futuro de sua autonomia, mas no momento não há acordo.

A guerra na Síria, que começou em 2011, deixou pelo menos 370 mil mortos e milhões de deslocados.